sábado, 31 de dezembro de 2022

1940 - ∞



Caros amigos,

 

O futebol tem uma relevância absurda na minha vida. Sempre teve. Talvez até numa intensidade acima do razoável, não sei...

 

O que sei é que desde muito cedo me envolvi com esse esporte maravilhoso por inúmeros motivos. Quando criança, nossa perspectiva de tempo é totalmente diferente. Um fato ocorrido há 5 ou 10 anos era como uma vida inteira (e era). Hoje sabemos que esse tempo é um piscar de olhos...Então, a rigor, comecei a me envolver com futebol logo depois que o REI parou. Entrevistas de jogadores, comentários em programas esportivos de rádio e TV e os deliciosos “videotapes” retratavam a carreira do REI a todo instante. De alguma forma, ELE era próximo...

 

Lá pelos meus 11/12 anos, minha família adquire um bem “revolucionário” para os padrões da época. Um videocassete (se algum jovem estiver lendo, sugiro “dar um Google”). Minha alegria era gravar os “Gols do Fantástico” e revê-lo por toda a semana, inúmeras vezes, os gols do domingo...Era possível dar pausa e avançar quadro a quadro...Inesquecível...

 

Até que um dia, meu primo Marcus leva à minha casa uma fita VHS do filme “Isto é Pelé!” Lembro até hoje da primeira vez que assisti (boquiaberto)...Meu objeto de desejo passou a ser ter esse VHS. Por algum motivo, não achei para comprar em São Paulo e meu falecido Tio Jaime encontrou uma última unidade em Catanduva e a comprou para mim...Ainda tive que esperar o momento que algum parente viesse à capital paulista para entregar meu tesouro...Sem exagero, devo ter assistido esse filme umas 2 centenas de vezes, várias com meu primo. Lembrava de todas as falas (aliás, apesar da idade, lembro uns 70% delas até hoje). Sim...a inexorável paixão pelo futebol estava reforçada eternamente pela alicerce real.

 

Não...Não vou falar de todos os seus feitos...Isso é desnecessário. Apenas reconhecer que você, REI, é o maior embaixador da história desse país. Tive a oportunidade de visitar mais de 50 países até hoje e em todos eles há um padrão. A forma como as pessoas reagem ao descobrirem que somos brasileiros...Um sorriso e a palavra PELÉ nos mais variados sotaques. De certa forma, não surpreende a enorme repercussão e as homenagens vindas dos 4 cantos do planeta nesse triste 29 de dezembro de 2022.

 

PELÉ, meu muito obrigado!! Por tudo! Tudo mesmo, inclusive aqueles segundos que você perdeu para escrever essa mensagem (foto acima) que, um dia, será passada para meu filho, afinal, o legado é eterno...

 

Fique com Deus, Majestade!

 

O “Prisco Palestra” nunca publicou um “post” que não tratasse de Palmeiras. A primeira e última exceção é essa.

 

Marcelo, o súdito.





segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Palmeiras 2.0. Você está preparado para essa conversa?

Conquistas e mais conquistas. Na opinião de muitos (é a minha também), estamos vivendo o maior momento da história da Sociedade Esportiva Palmeiras. Alegrias e orgulho nunca vistos. 

Para tantos, nada é mais desestimulante que tratar de assuntos “chatos” em épocas de festa e exaltação. Mas peço a paciência do raro(a) leitor(a) para “mudar o rumo da prosa”. 

 Lá se vai mais de uma década que meu grande amigo “Baggio” abre espaço em seu “blog” para debatermos nossa maior paixão. 

 No passado, o Palmeiras fazia seus “all in” financeiros e se lambuzava com medalhões (um dos mais eficazes anestésicos para os torcedores). Esse “blogueiro” (como pode-se verificar nos inúmeros “posts” anteriores) sugeria um outro caminho, bem menos popular (e como “sofri” em mesas de bar e grupos de e-mail e WhatsApp…). 

 Tentando resumir muito, defendia-se a reestruturação financeira (mesmo que custasse um período com times tecnicamente frágeis), valorização da base, contratações de jogadores jovens com potencial através de um trabalho de prospecção competente (que, por mais paradoxal que possa parecer, não leve em conta apenas a técnica, mas aspectos comportamentais, propensão a contusões, etc.), comissão técnica minimamente profissional (em todas as áreas), estrutura de treinamento e recuperação de atletas, hotelaria/nutrição, investimento num robusto programa de sócio torcedor e forte conexão da sua torcida com a instituição (orgulho). 

 Por “sorte”, San Gennaro voltou à Terra. “Pousou” na Pompeia em 2013 e assumiu a presidência. Paulo Nobre deu início ao processo de reestruturação que, pela graça de Deus, foi continuado por seus sucessores. Essencialmente, buscou-se os aspectos do parágrafo anterior. Talvez não fizemos 100% do que podíamos. Talvez titubeamos em alguns caminhos. Talvez o processo não tenha sido linear. Mas é inequívoco que a direção e a intenção estavam lá. As melhoras eram constantes e visíveis. Em todos os campos. Até que….chegamos em 2022. 

 O ápice. A consolidação. O orgulho. As conquistas. 

 Enfim, tudo o que fizemos desde 2013 nos permitiram vários anos de protagonismo. A reestruturação 1.0 nos trouxe até aqui e com louvor. 

 Mas receio que ela, por si só, não bastará para a próxima década. O “mercado da bola” está sofrendo mudanças impressionantes abrindo possibilidade de “ressuscitar” algumas marcas e enterrar de vez outras. 

 Para começar, o Brasil aprovou o instituto das “SAFs”. Além da entrada de recursos que faz alguns “milagres”, está havendo uma silenciosa transformação da gestão dos clubes. Saem os cartolas (despreparados, para ser elegante) e entram os gestores das sociedades. Claro que nem todos serão competentes e terão resultados, mas, convenhamos, a concorrência (cartolas) não inspiram muitas saudades. Sendo assim, sairão de cena os dirigentes populistas que rasgam $$ e contratam jogadores sem critério para um modelo mais sério e profissional cuja chance de acerto em campo é, obviamente, muito maior. 

 Outro ponto que merece destaque são as outras fontes de receita desse mercado chamado futebol. Desde os “sites” de aposta (que necessitam de uma regulação urgente), passando por “streaming”, direitos de transmissão, novas mídias, engajamento em redes (anti) sociais, arenas, valor das ligas. Enfim, uma infinidade de recursos que faria um cartola dos anos 80 achar que estava num quadrinho do “Tio Patinhas”… 

 Hoje já observamos um fato concreto. Nosso maior oponente na atualidade tem uma receita “basal” cerca de 30% superior à nossa. O rubro-negro carioca fatura algo com R$ 1 bilhão por ano sem contar anos com várias premiações por títulos. Nossa receita “basal” está na casa dos R$ 750 milhões. Tudo constante, numa década, a diferença de receita será da ordem de R$ 2,5 bilhões. Isso não representa apenas a possibilidade de pagar melhores jogadores, contratar bons valores, mas de fazer investimentos em estrutura no futebol profissional e na base, além de estar numa posição privilegiada para negociar contratos de qualquer espécie (sem estar com a “faca no pescoço”). 

 Enfim, o Palmeiras atingiu um determinado nível de profissionalismo num futebol extremamente amador. Isso foi mais que suficiente para alcançarmos nosso nível atual. Mas, ano após ano, concorreremos com adversários mais preparados. 

 Sendo assim, quanto mais cedo fizermos nossa segunda reestruturação, menos incerta será nossa permanência no “hall” de protagonistas do futebol brasileiro. Para tanto, uma nova onda de profissionalização urge na Sociedade Esportiva Palmeiras. Um profissional de marketing com papel não apenas de trazer receita para o clube, mas com a atribuição de aumentar o número de “clientes”. Escrevendo de outra forma, é fundamental que mais pessoas “consumam” mais o clube. Seja através da conquista de mais torcedores (algo que se faz num público entre 5 e 15 anos, no máximo), seja através de ações que permitam maior engajamento aos já convertidos. Nenhuma fonte de receita será sustentável sem uma legião de torcedores amparando esse pilar. 

 Nessa revolução do mercado do futebol, outros profissionais deveriam ser contratados também. Por exemplo, um executivo de relações institucionais que se preocuparia com a forma como o Palmeiras se posiciona para “fora do muro”, seja com a torcida, seja com a mídia, enfim, alguém preocupado com a marca. 

 Vale citar a importância de um executivo comercial, com ampla bagagem de conhecimento acerca das inúmeras fontes de receita disponíveis aos clubes, além da capacidade de atrair bons investidores. Por falar em investidores, de forma alguma deveríamos repelir o debate sobre a SAF. Talvez, inclusive, seja um ótimo momento para esse debate tendo em vista nossa boa posição relativa esportiva e de fluxo de caixa. 

 Obviamente, vale manter e reforçar o que já fazemos bem. Profissionais qualificados na base e na comissão técnica permanente para cada vez menos dependermos de “heróis”, seja na presidência, seja na comissão técnica. 

 Enfim, a ideia não é citar todos os cargos, mas reforçar o conceito. A seara competitiva está mudando e de forma rápida. Para manter nosso protagonismo, precisamos debater como nos prepararemos para esse novo ciclo. 

 Que tal agora? 

 Marcelo, o Racional

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Orgulho imenso! Consolidação de um método ou de um ciclo?

 Caros amigos,

 

Evidentemente trata-se de uma sensação pessoal sem nenhuma pretensão de qualificá-la como majoritária. Feita essa observação, reputo 2022 como o ano que mais me senti orgulhoso da Sociedade Esportiva Palmeiras! E motivos não faltaram...

 

Primeiro pela qualidade do jogo. Meus raros leitores lembram que colocava em dúvida a capacidade do treinador em entregar um jogo além de pragmático pelo que víamos em campo nas temporadas 2020/2021. Ledo engano...A oportunidade de fazer a pré-temporada, algum tempo para treinar durante os campeonatos rolando e a possibilidade de fazer as mudanças no elenco (chegadas e saídas) foram os elementos que permitiram a Abel comprovar sua absurda competência. Essas condições tinham sido negadas nas temporadas anteriores (basicamente devido à pandemia) e, por isso, minha equivocada desconfiança. Em várias jornadas durante o ano, o Palmeiras se comportou como um imponente protagonista. Curioso notar que essa evolução ocorreu sem perder o que o time já fazia de bom nas temporadas anteriores. Joga em vários estilos, contra vários tipos de adversários, em várias situações de jogo, em diversos tipos de campeonatos.

 

Segundo pelo caráter desse elenco. Jogadores muito comprometidos com o trabalho tático, disciplinados fisicamente, sem nenhum, rigorosamente nenhum “problema de vestiário”. Seja na atitude ou em declarações, sempre respeitaram a torcida e a instituição. Jogadores que olham o símbolo do Palmeiras com a cabeça para o alto, reconhecendo a ótima estrutura do clube e entendendo sua história. Impressionante notar que nesse elenco não há jogador descompromissado. Vale lembrar e exaltar para sempre!

 

Terceiro pelo treinador. Desde que acompanho o Palmeiras (início da década de 80) nunca vi uma “pessoa física” que representasse e respeitasse tão bem a nossa essência. Desde a primeira entrevista coletiva onde demonstrou todo o interesse em aprender sobre o clube e a história, passando pelas entrevistas onde sempre foi um embaixador da entidade. Além disso, ele é complementado por uma equipe altamente engajada e profissional. Num país tão mal servidos de técnicos, somos extremamente privilegiados em contar com esse treinador que também olha o clube com a cabeça para o alto. Está apenas em início de carreira, mas já tem contribuições bem maiores que vários que até já se aposentaram. Para citar apenas um exemplo, pode-se lembrar a edição de um livro que, além de fonte de conhecimento, permitiu colaborar com entidades assistenciais através da doação dos recursos arrecadados. 

 

Quarto pelos jogos marcantes e marcas impressionantes. Dominância absurda em clássicos, viradas espetaculares, performances incríveis com menos de 11 jogadores, variações táticas e de jogadores de posição executadas à perfeição, gols de bicicleta (sim, no plural), baixíssimo número de derrotas na temporada (6), inúmeras entrevistas de jogadores e técnicos adversários exaltando o Palmeiras, etc..

 

Quinto pelo inesquecível dia 03 de abril de 2022. Décadas estavam em campo naquele dia. Vale reler o “post” “Sonho, Dna e Orgulho”. (http://priscopalestra.blogspot.com/2022/04/sonho-dna-e-orgulho.html?m=1)

 

Sexto pela manutenção da estratégia de um trabalho árduo de busca de valores “desconhecidos” no mercado, valorização do elenco e da base com mudanças pontuais sem recorrer às pragas dos “medalhões” que tanta falsa alegria geram no curto prazo e decepções em médio e longo prazo. Além disso, a inteligência de trabalhar com um elenco menos numeroso, facilitando a gestão de pessoas por parte do técnico fazendo com que todos se sintam realmente relevantes e, mais importante, que consigam ser aproveitados no decorrer do ano.

 

Confesso que os pontos acima não estão em ordem de importância. Mas esse eu faço questão de deixar por último: os títulos. Recopa, Paulistão e Hendeca Brasileiro. Como aperitivo, a Copinha em janeiro. Deixo em último porque, caso eles não viessem, não poderíamos deixar de considerar tudo que foi apontado anteriormente nesse texto. Escolher caminho, ser protagonista são “escolhas” que estão nas nossas mãos. Vencer troféus, não. Dependem de inúmeras circunstâncias que não controlamos.


Ufa...2022 estará marcado para sempre nos corações verdes!! 


Meu sincero agradecimento a todos!


Reconhecimento indubitável. Voltando para o título do “post”; a dúvida é de outra natureza...


Afinal, estamos assintindo a consolidação de um método ou de um clclo? Sendo mais claro...Estamos convencidos que esse é o modelo e iremos replicá-lo pelos próximos anos ou nas derrotas e decepções (desculpem-me alertar, elas virão) voltaremos ao caminho antigo?


Sinceramente, não tenho a resposta. A rigor, só saberemos quando formos submetidos à essa (desagradável) situação. Os sinais são confusos. Por um lado, os títulos deveriam dar a convicção do nosso caminho. Por outro, nas (raras) derrotas e nas (inúmeras) contratações de outros times sempre enxergamos manifestações de inveja e desconforto. 


A direção será forte o bastante? Tomara que sim! 


Nossa força deveria estar mais no método e nos processos (clube/direção/finanças/marketing/estrutura) que “‘na” pessoa (Paulo Nobre, Leila Pereira e, de maneira mais emblemática atualmente, Abel Ferreira). 


Por mais paradoxal que possa parecer, o maior e melhor remédio para a inevitável (só não sabemos quando) abstinência de Abel Ferreira será a convicção do nosso modelo. Abandoná-lo pode nos custar anos e anos como vimos nas décadas perdidas desde 1980. 


San Gennaro vem nos mostrando o caminho. Que ele nos dê sabedoria para que a coletividade resista às tentações e continuemos trilhando o caminho do protagonismo. 


São os meus votos!! Mais um excelente Natal e um 2023 protagonista para todos os alviverdes!


Marcelo, o Racional. 

terça-feira, 5 de abril de 2022

Sonho, DNA e Orgulho

 Caros amigos,

 

Eventos extraordinários exigem “posts” extraordinários. Quebrando uma tradição de publicarmos textos apenas no final de ano, o “blog” quebrará o protocolo...

 

Para iniciar, gostaria de citar um antológico texto do excelente Carlos Eduardo Mansur no “O Globo”. A seguir, os 2 primeiros parágrafos do artigo:

 

“ No final dos anos 1990, um executivo do Manchester United explicava como o clube entendeu seu papel na indústria do entretenimento e sua relação com a sociedade. A discussão na cúpula do United partiu de uma pergunta: “O que vendemos? Futebol? Jogadores?”. Não demorou muito para que o debate se encerrasse diante da conclusão definitiva: “Vendemos sonhos”.

 

É algo de uma profundidade acima do que se imagina. Aqui, vender sonhos tem um sentido amplo e poderosíssimo. Engloba toda a gama de emoções que um clube desperta: do menino que sonha em jogar bola ao que fantasia viver uma tarde num estádio lotado; é a vitória que gera uma sensação de realização que, por vezes, a vida nega; são os valores que se percebem acoplados àquele clube e àquela comunidade; é pertencimento e família.” (grifo meu).

 

O dia de ontem estará para sempre eternizado nas nossas lembranças. Vale refletir sobre os motivos...

 

Se um clube vende sonhos e pertencimento o 3 de abril de 2022 não apenas ficará marcado pelo aniversário de 8 décadas de nosso maior jogador mas, também, como o dia que o Palmeiras mais representou esse “papel”. Coisas aparentemente desimportantes e outras explícitas marcaram nossa semana. A luta para jogar no nosso estádio nos fez lembrar que nunca teremos “lambuja” do Estado (aqui compreendido como governo e federações). Aprendemos desde a nossa fundação (com as inúmeras dificuldades e preconceito explícito) que aqui aprendemos a resolver nossos problemas sozinhos. Se o Estado não nos “dá” um estádio, construímos o nosso e modernizamos com um parceiro privado. Se o alvará de construção não sai, nos viramos e conseguimos um de reforma (sempre lembrando que o governo que nos atrasou em anos é o mesmo que concedeu as licenças em dias para o estádio de Itaquera). Se a Federação não se alinha com os campeonatos relevantes do país (mineiro, gaúcho e carioca) e não “permite” a decisão no sábado, a gente se vira com as entidades privadas e joga no domingo. Esses episódios nos ajudam a entender o motivo pelo qual nunca tivemos um patrocínio público na camisa. É a nossa história! Lutar pelo nosso estádio é um símbolo que gera uma simbiose entre clube e torcida. Sonho e pertencimento. A singela ideia de permitir que sócios assistissem atrás do gol com telão é de uma sensibilidade ímpar. É o clube (que entendo que vinha se afastando por algum período) dizendo para seu torcedor: “Eu não existo sem você”. “A minha força vem de você”. A imagem de torcedores alucinados assistindo ao jogo atrás de um palco merece uma lembrança eterna e essa foto tem que estar nos murais mais importantes do nosso clube (como Oberdan e a bandeira do Brasil em 20 de setembro de 1942).

 

Por falar em Arrancada Heroica, como não lembrar do técnico do Palmeiras e sua citação desse maiúsculo episódio de nossa rica história? Com tudo que aconteceu na semana dentro e fora de campo é óbvio que naqueles 90 minutos tínhamos de honrar o busto do Capitão Adalberto Mendes que nos ajuda a lembrar todos os dias a nossa jornada para ser quem somos. Para lembrar de onde viemos. Lutando contra o que é aceitável, mas, principalmente, contra o que é inaceitável. Se o clube “oferece” pertencimento, é óbvio que, de alguma forma, 1942 esteve em campo no domingo. Parafraseando o “site” “Nosso Palestra” ontem vivemos a Arrancada Heroica 2.2, épica ao seu tempo...

 

Acrescente um time que não contrata mais medalhões e “forma” um Raphael Veiga (neto de palestrino fanático) dentro do nosso clube. Jogadores que olham o escudo para cima. As crias da Academia e suas “fornadas” que não param de chegar. Um técnico que, de forma impressionante, capta, comunica e multiplica os valores de ser palmeirense em tempo absolutamente recorde. Um jogo imponente, amassando o adversário, recuperando (mesmo que não aconteça em todos os jogos) nosso DNA de imposição sobre o adversário.

 

Se ontem o Palmeiras “vendeu” tudo o que dele se espera, o resultado (não falo de campo ainda) não poderia ser diferente. Um Allianz Parque que pulsava! Pulava e gritava como nunca. Do primeiro ao último minuto numa extraordinária comunhão do time com sua gente. Dentro e fora do estádio. Nos arredores ou no lugar mais longínquo do planeta. Nessas condições, repito, nessas condições não havia nenhuma hipótese do “rival” sair com o troféu. Como prêmio, inesquecível, levou o maior placar de sua história em finais e as repercussões do atropelamento na Zona Sul são impressionantes.

 

Seja pelo fato de não demitir nenhum colaborador na pandemia. Seja pela música de Abel pré-Mundial (alguém já viu uma declaração de amor não ser brega?). Seja pelas crias da Academia. Seja pelo diferenciadíssimo técnico. Seja pelo elenco atual. Seja pelo respeito ao torcedor. Seja por continuar não dependendo do Estado. Seja pelo elenco e comissão técnica citarem a nossa história. Enfim, são inúmeros fatores, não tenho a pretensão de citar todos. Mas a conjunção de tudo isso me traz o seguinte sentimento:

 

Em 47 anos de vida e 42 de “palmeirense consciente” eu nunca tive tanto orgulho de ser palmeirense.

 

E, paradoxalmente, isso não tem a ver com os troféus. Eles são apenas a consequência natural. (E lembrem-se, um clube não vende títulos...vende sonho e pertencimento, certo?). E nós, “palmeirenses da fila” sabemos muito bem respeitar os ciclos de glórias e de “vacas magras”. Esses dias de glória, é natural, em algum momento se transformarão em períodos mais áridos...Da mesma forma, em outro momento, as glórias voltarão. Porém, a gente sabe muito bem o que devemos fazer quando as coisas não estiverem tão bem. Jamais virar as costas para a nossa essência e, de alguma forma, lembrar da experiência do United descrita acima. Não tenho certeza de títulos, mas tenho certeza da existência eterna! E ela basta! Como ouvimos no pedaço mais especial do Planeta ao som dos bumbos: “Graças a Deus eu sou Verdão; e ele está no coração; ele ganhando, ele perdendo; sou palmeirense de coração”.

 

Não é objetivo desse texto, mas óbvio que temos (muitas) coisas a melhorar. Da mesma forma, a frase acima jamais pode ser compreendida como se antes não houvesse orgulho. Apenas um reconhecimento que se vendemos valores que se percebem acoplados àquele clube e àquela comunidade, se vendemos pertencimento e família, o 3 de abril de 2022 é eterno e se meu avô me falava da Arrancada Heroica eu citarei essa data ao meu neto (Se Deus e San Genaro quiserem)!!

 

Marcelo, (nem tanto) o Racional