segunda-feira, 23 de abril de 2012

Aprendizado



Caros amigos,

Finalmente acabou a insuportável fase de classificação do Paulista. Salvo a emoção do rebaixamento ou não de Portuguesa e Botafogo, o campeonato não apontou nada. Temos até dificuldade em apontar o craque e/ou revelação do campeonato. O Neymar, voto óbvio para craque do campeonato, pouco jogou, já que o Santos jogou mais da metade dos jogos com o time reserva.

Nesse fim de semana, tivemos um pouco de emoção, apesar desse regulamento horroroso que confronta o primeiro com o oitavo em um jogo, apesar dos 18 pontos de diferença. Antes dos confrontos, poderíamos dizer que o Santos é o grande favorito, em que pese as atenções na Libertadores.

O Corinthians, graças ao excepcional trabalho do seu técnico, que tira grandes resultados de um elenco pouco mais que comum, parece que vem logo atrás. Aqui, sem dúvida, a zebra marcou presença com a inesperada, mas merecida, vitória da Ponte. O São Paulo aparenta ser a terceira força, com um elenco forte no nome, mas ainda sem resultados expressivos. Tem uma chance de ouro no Paulista. O Palmeiras, tinha e tem tudo para rivalizar com a segunda força, mas, mais uma vez, o futuro repetiu o passado.

Lembrando, o Palmeiras começou o ano com um certo fôlego no caixa com as saídas de Kléber e Marcos. Posteriormente, após declarações desastradas do Frizzo no episódio da contratação do Barcos, ele foi colocado na “geladeira” e pouco o ouvimos. Isso vale dizer que, até agora, a diretoria pouco atrapalhou. Salários em dia e bocas caladas.

O time, com poucos medalhões e boas contratações, vinha fazendo um bom papel no campeonato com uma invencibilidade interessante. Quem lê esse blog há algum tempo sabe que, em nossa opinião, esse time tem condições de rivalizar com todos os times do país, exceto o Santos. Fazia sentido o desempenho, portanto.

Porém, e no Palmeiras parece que sempre tem um porém, embarcamos na contratação Wesley...Imediatamente, como numa máquina do tempo, voltamos para 2009. O mesmo “script” da contratação do Vagner Love, exceto a vaquinha (MOP para os mais íntimos). Investe-se num jogador comum um dinheiro que não tem. Pior. Para trazê-lo da Europa, oferece-se um salário muito acima da média do elenco o que, aqui e em qualquer clube, gera ciúmes e insatisfação. Os jogadores pedem aumento e ao não serem atendidos...Além disso, o risco de atrasar salário aumenta exponencialmente pois a receita fica comprometida com essa nova despesa.

Some-se a isso um fato inquestionável em minha opinião. O Sr. Scolari, nunca foi um estrategista. Nunca foi um treinador de campo que ensaiasse jogadas de bola rolando ou desenvolvesse grandes jogadores. Nunca montou esquadrões. Sempre apelou para bolas paradas e a tal da Famiglia Scolari, algo que já não vemos faz tempo. Em que pese, nesse ano, ter sido atendido em quase tudo o que pediu, seu trabalho é um fiasco completo. De maneira covarde, no penúltimo domingo, citou que as fofoquinhas atrapalhavam, quando, repito, poucas vezes tivemos tanta paz extra-campo.

Essa diretoria, por falta de opção, desmontou algumas bombas Belluzzionistas, ou seja, certas contratações caras e de retorno super duvidoso, como o Kleber, por exemplo. Pela enésima vez, está comprovado que altos rendimentos com falta de motivação e pouco comando, são uma mistura explosiva em clubes de futebol.

Cabe, claramente, à essa diretoria terminar o trabalho não renovando os contratos de Luis Felipe e Valdivia. Pensemos um pouco. O que aspira o Felipão? Que título lhe falta? Que bem material ele ainda não tem? Se o Palmeiras for campeão, não for, o que de fato muda na sua vida? De maneira surpreendente, a torcida do passado clama por seu retorno à seleção. Que mais ele quer? E o Valdivia? Ganhando R$ 6 MM por mês, sendo que já ganhou dinheiro no munda árabe? Empenho nos treinos? Quer ir para Europa? Ser o melhor da seleção chilena? Evidentemente, como exaustivamente dito aqui, o mesmo vale para Ronaldinhos, Adrianos e Luxemburgos da vida.

Resumindo, um técnico de R$ 10 MM/ano não pode perder um grupo em 3 semanas, como aconteceu. Um jogador de R$ 6 MM/ano, não pode se contundir 6 (!!!) vezes e jogar 15% dos jogos desde que voltou. A diretoria, não pode embarcar numa contratação maluca, sem capital para isso, só para agradar uma parte da torcida que prefere grife a desempenho.

Infelizmente, e põe infelizmente nisso, se começarmos hoje, vamos demorar de 3 a 5 anos para voltarmos a ganhar títulos. O que me entristece profundamente é que nunca vejo o começo. Sempre há uma recaída que nos coloca cada vez mais no fundo do poço e com maior dificuldade para acertar. Reli um "post" que escrevi sobre as prioridades do presidente e vi que, exceto a questão do salário em dia, nada é feito. Nada de marketing, nada de estrutura, nada de categoria de base, nada de reforma no estatuto, etc...Dentro de campo, quando o caos financeiro melhora um pouquinho, só um pouquinho, lá vai a diretoria da vez atrás de grife, na típica atitude populista "O que mais vocês queriam que eu fizesse?" É duro morar em Santos e ver que um clube sediado numa cidade de 400 mil habitantes (metade de Santo Amaro) que tinha tudo para dar errado, dá um banho no Palmeiras em todos os quesitos.

Se é que há um lado bom, ano após ano, aumenta o número de palmeirenses preocupados que entendem que não é apenas uma fase que o clube está passando, mas sim, que essa estrutura podre está corroendo o principal alicerce de qualquer time. O orgulho e a capacidade de renovação. Para os mais incrédulos, o Santos nos anos 70 era a segunda torcida do Estado e quase sumiu no final dos anos 90. Se não fosse o Santo Robinho, nem sei se eles estariam aqui para contar história. Tomara que fique cada vez mais na cara de todos, principalmente dirigentes, que é preciso tratar o assunto com mais razão, menos emoção e com o devido senso de urgência.

O tempo não para.