quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

De volta....

Caros amigos,
Depois de longuíssima ausência dos “posts”, é com alegria que volto ao Prisco Palestra. Os debates sobre o Palmeiras também respondem às inovações tecnológicas e hoje usamos o “Whatsapp” para imediatamente expressar nossos mais profundos sentimentos. Porém, para quem tem a alcunha de “racional”, nada melhor que um “post” para analisar os últimos meses.
Busco um trecho de um “post” antigo, publicado em 31/01/2013 sob o título: “Uma nova era? A última esperança...”
“Sendo assim, se ao final de 2014, nada mudar e/ou nossa distância em relação aos rivais não diminuir, vou concluir que o clube não tem mais jeito, ou seja, a estrutura política é insolúvel, os líderes das correntes políticas são incompetentes, a coletividade se autodestrói na sua impaciência incorrigível e vamos viver nos trancos e barrancos para sempre.

Mas, não pode ser assim. Não será assim.”

O “post” citava o período do primeiro mandato de Paulo Nobre que, felizmente, foi reeleito.

Hoje, quase 3 anos após, podemos afirmar:

Não foi assim!!!

Mais que isso. Pode-se afirmar que Paulo Nobre é o maior presidente do Palmeiras da nossa geração. Disparado. Talvez, o maior da história. Aqui, não cravo pois a SEP teve momentos muito relevantes na sua história e os presidentes também tiveram seus méritos. Para citar apenas um exemplo, como esquecer da importância dos presidentes Italo Adami e Hygino Pellegrini na Arrancada Heroica em 1942?

O principal legado de Paulo Nobre é nos devolver a esperança que o ano que vem será melhor que o atual. Há 40 anos, exceto no hiato da Parmalat e alguns anos que quebrávamos os cofres, a sensação era exatamente a inversa. E porque isso aconteceu? Cito alguns motivos:

1 – Fim da confusão entre jogador caro e jogador bom, vulgo medalhão.

Acabou. Graças à San Gennaro, acabou. Primeiro, por falta de recursos e, depois, por convicção, as contratações se dão por aspectos técnicos e não por “nome”. Quem mais desarmou nesse ano, quem menos se machucou, quem levou menos cartões, quem cabeceia melhor, quem fez mais assistências? Esses são os critérios que podem ser buscados em “scouts” que norteiam a decisão de contratação. Como consequência, nunca na história da nossa geração (exceto no hiato Parmalat) acertamos tanto em contratações. Nunca. Além disso, um alivio aos cofres do clube, já que esses jogadores vêm com salários apenas altos, não estratosféricos.

2 – Equilíbrio Financeiro

Gastar dentro das possibilidades. Não queimar etapas. É duro (vide 2014), mas é o único jeito para um time ser protagonista sempre e não esporadicamente. Claro que o empréstimo do presidente ajudou muito, reduzindo sensivelmente as despesas financeiras, mas hoje temos as receitas de TV livres (não antecipadas). Importante citar que a credibilidade trouxe patrocínios privados e o sucesso do Avanti ajudam a compor o círculo virtuoso das receitas. Como consequência, o Palmeiras que era uma das últimas opções dos jogadores, passa a ser uma das primeiras e as contratações se sucedem enquanto os rivais vendem jogadores. Simples assim.

3 – Base

Além de não sermos mais surpreendidos com contratos nebulosos, a qualidade dos jogadores é muito superior. Para um time com terrível histórico na base, só nesse ano tivemos a estreia de dois jogadores muito promissores (Gabriel Jesus e Matheus Sales). Alvíssaras.

4 – Imprensa

Impressionante como praticamente acabou o Serviço de Vazamento de Informações do Palmeiras (SVIP) que parece que foi criado na Fundação do Clube. Assuntos de vestiário, mesmo polêmicos, ficaram dentro de casa. Como exemplo, cito a briga entre jogadores no primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil com o Fluminense. Em tempos anteriores era “pano pra manga” e, hoje, poucos até lembram que aconteceu. Em algumas horas, caso abafado.

5 – O Palmeiras é de milhões, não de milhares.

No passado, havia uma confusão perversa. Privilegiava-se cerca de, talvez, 30 mil palmeirenses que moram na capital e assistem jogos regularmente ao invés da torcida inteira. Ingressos baratos, privilégios às organizadas e, como consequência, times fracos para todos. Como frequentador do interior paulista sempre cito o patrimônio que é essa torcida. Ela é gigantesca. Ela não frequenta estádios, mas faz o Palmeiras gigante. Compra PPV, Avanti e atrai patrocinadores como a Crefisa. O Palmeiras é de todos.

6 – Allianz Parque

Aqui não é mérito da atual gestão, mas fica claro que apesar de seus problemas (arbitragem) é disparado o melhor modelo de gestão de estádio que um clube no Brasil conseguiu. Na prática temos um estádio espetacular e nossa condição financeira não é afetada. Nosso rival, por exemplo, tem um problema grave pela frente que talvez só seja resolvido “politicamente”.


Aproveitando o “post”, como não poderia ser diferente, entendemos que essa gestão também tem suas falhas. Algumas “inofensivas” para a reconstrução do Palmeiras, mas com impacto no curto prazo.  A maior delas foi a escolha dos técnicos desde Gareca. Mesmo o campeão Marcelo Oliveira, não parecia o técnico indicado para o elenco atual. Espera-se que com as novas contratações ele encontre um time, mas a conquista da Copa do Brasil não pode apagar o mau trabalho de 2015. Há que se melhorar aqui.

Como disse anteriormente, o principal legado do presidente é um futuro melhor para o Palmeiras. Para consolidar isso, falta uma coisa fundamental. Quebrar o atual “status quo” do futebol brasileiro.

Não pode-se aceitar tranquilamente que nosso rival ganhe cerca de R$ 70 MM a mais por ano com TV, sendo que a tendência é que a distância aumente nos próximos anos. Em uma década serão cerca de R$ 1 bi. Por mais que sejamos competentes nas outras frentes, no médio prazo não conseguiremos concorrer. Duro, mas é isso.

Outro ponto é que por mais que entendamos a amizade pretérita de Paulo Nobre, nada justifica o apoio a Del Nero. Apoiar a CBF, significa apoiar essa estrutura de arbitragem, de justiça desportiva, de cotas de TV que tanto incomodam e prejudicam o Palmeiras.

Provavelmente o Palmeiras hoje é o time brasileiro que mais tem condições de romper com esse ciclo. Não depende do Estado. Seu estádio é privado. Seu patrocínio é privado. Seu Avanti é privado. Seu mês tem 30 dias. Entendo perfeitamente o risco de represálias, mas de que adianta ficar “parado”, vendo nosso rival ganhar mais e mais? Adianta ver nosso rival ser escandalosamente beneficiado pela arbitragem e achar que está tudo bem? Aqui não se trata de 2017 ou 2018, mas de 2025.

Agora é a hora do salto definitivo. Fim dos desinteressantes Estaduais, Liga, calendário europeu, excursão à Europa na pré-temporada, divulgação da marca no exterior, mais receitas para que possamos competir com a maioria dos clubes do mundo. Num cenário mais profissional e com o trabalho plantado por Paulo Nobre não tenho dúvidas que o Palmeiras dominaria o cenário do futebol tranquilamente.

Paulo, rompa com isso. Esse cenário só beneficia a politicagem, o jeitinho, o patrocínio estatal, a incompetência, a arbitragem amadora, a justiça desportiva patética. Alguns dos nossos rivais dependem exatamente disso para sobreviver. Não o Palmeiras. Não mais o Palmeiras.

De qualquer forma, reforço o que foi escrito anteriormente. Paulo Nobre é o maior presidente da nossa geração. Muito obrigado por nos devolver a dignidade e a esperança. Título é circunstancial, protagonismo não. E voltamos ao protagonismo. Que a eleição do ano que vem não nos tire dos trilhos.

Avanti!!

Por Marcelo, o racional