terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Protagonismo, aprendizados e futuro

Caros amigos,

Imaginem uma situação. Uma agremiação perde, ao mesmo tempo, a principal referência financeira e política, a principal referência técnica dentro de campo e a principal referência técnica fora de campo. Quais seriam as perspectivas futuras dessa agremiação? Caos, papel de coadjuvante, baixo astral da torcida? Provavelmente a resposta seria nesses termos. Exceto, se a agremiação em questão fosse forte o suficiente para suportar essas “pancadas”, em resumo, exceto se essa agremiação for protagonista.

Hoje somos. Perdemos em dezembro Paulo Nobre, Gabriel Jesus e Cuca. Entretanto, boa parte da mídia e torcida ainda reputa a SEP como principal favorito às competições do ano que vem.

Os motivos já foram abordados em “posts” anteriores. Basicamente, os alicerces de nossa reconstrução são bastante sólidos. No lado financeiro, o empréstimo do Paulo Nobre é apenas um dos aspectos da saúde financeira e não o único aspecto como a despreparada imprensa esportiva sugere. As fontes de receita são variadas e sólidas, exceto Crefisa (que paga mais do que vale a camisa, além de rusgas com a direção). A questão política nunca esteve tão pacificada.

Dentro de campo, claro que Jesus fará alguma falta. Entretanto, o modelo de contratações que busca predominantemente jovens valores a medalhões tem tudo para continuar. Substitutos não deixam a peteca cair e o time tende a continuar forte. A ausência de Cuca, talvez, seja a mais sentida, mas, de novo, como tudo vai bem, o trabalho do novo treinador tende a ser um pouco menos difícil, dado o material humano que ele disporá.

Chegamos a esse ponto. Contudo, nem por um segundo podemos esquecer tudo o que passamos nesse século. Temos de olhar para as cicatrizes todos os dias e lembrar como foi difícil e demorado chegar até aqui. Além disso, ter em mente um aspecto. É demorado reconstruir protagonismo, mas é rapidíssimo perdê-lo.

Nesse século, boa parte da coletividade do futebol (eu incluso) vaticinou que SPFC e, posteriormente, SCCP se transformariam numa espécie de Barcelona brasileiro, ou seja, seriam clubes com capacidade de arrecadação muito maior e, por consequência, abocanhariam a maioria dos títulos. Sem querer defender quem pensava assim, esses clubes tiveram todas as condições para dominar o cenário, porém, uma mistura de soberba com esquecimento do que os tinha levado àquela situação foram fatais para as pretensões dos rivais.

O SPFC foi tricampeão brasileiro com Josué, Mineiro, Aloísio, Miranda e que tais. Em 2009, após perder algumas Libertadores, o clube começa a “medalhar”. Começa com o falecido Fernandão, Cleber
Santana, depois Ganso. Para piorar, contratações emocionais como Kardec e Wesley apenas para provocar o rival. A questão política que era pacificada, torna-se caótica. Some-se a isso a soberba de “chutar” seus rivais do Morumbi e perder boa fonte de receita (fundamentais desde os anos 70)...Não teve jeito, o dito clube modelo, o maior ganhador de títulos e torcida das últimas décadas não resistiu...Está indo pro nono ano sem título relevante...

O SCCP, sempre caótico, cai para a segunda divisão e cinco anos depois sagra-se campeão mundial com Chicão, Ralf, Paulo André, Cassio e que tais...Por um bom período, foi o clube que mais acertava em contratações, tanto que refez seu meio de campo por diversas vezes, sem perder protagonismo. Inovou no marketing. Deu um chute no Clube dos 13 e conseguiu impor um modelo onde o clube se torna o principal arrecadador do Brasil. Porém, o novo rico abusa. A contratação de Pato a valores proibitivos e a construção do estádio, provavelmente acreditando que questões não republicanas seriam eternas, matam o clube.

Agora, parece a hora da SEP e do Flamengo. Será que a o futuro trará um porém?


Não podemos permitir isso. Lembrar todos os dias que, se você for protagonista, os títulos virão NATURALMENTE. Não tem necessidade de desviar um milímetro do que nos trouxe até aqui usando a falsa desculpa que “precisamos ganhar uma Libertadores”. Precisamos uma ova. Temos uma em cem anos e somos maiores que o Peñarol que tem cinco. Segue uma lista de lembretes, na minha opinião, para não cairmos em tentação:

1 – Para esse primeiro item, recorro ao Aurelio. A definição de obrigação é: “aquilo que é ou se tornou necessidade moral de alguém; dever, encargo”. Sendo assim, o Palmeiras tem obrigação de ser protagonista. Não tem obrigação de ganhar título toda hora. Quero, com esse item, lembrar o efeito “Maicon”. Por causa de uma semi de Libertadores, nosso rival paga mais de R$ 20 MM por um zagueiro comum. A Libertadores não veio, mas a dívida...Estão antecipando cotas para fechar o ano. Ninguém, nem o presidente, poderia ter autorização de colocar em risco o protagonismo futuro para tentar otimizar o presente. Deveria estar no estatuto.

2 – O caixa melhorou. Nem por isso precisamos de medalhões. Precisamos de mais Moisés e menos Aroucas. Os medalhões arrebentam o caixa e o ambiente, já que, o retorno técnico em 99% das vezes não justifica a remuneração. Além da fome de um jogador que quer “estourar” para o futebol. Isso não tem preço.

3 – É fundamental “fortalecer” a inteligência de contratações. Sistemas, “scouts”, etc...

4 – Continuar o fortalecimento da categoria de base.

5 – Não fazer loucuras financeiras (imobilização).

6 – Liderar as mudanças estruturais do futebol brasileiro. Não por bondade, mas por necessidade. Nós não dependemos do Estado. Nosso patrocínio e fontes de receita são todos privados. Mudança de calendário, mudança na arbitragem, mudança no STJD, divisão de cotas, etc. Quem quer a manutenção do “status quo” é quem depende dessa estrutura carcomida para sobreviver. O custo de curto prazo de eventual represália é mínimo tendo em vista os benefícios de longo prazo.

7 – Mantra: O Longo Prazo sempre chega.

8 – Continuar fortalecendo ações de marketing.

9 – Trabalhar incessantemente para a continuidade da pacificação política. Isso não quer dizer ausência de oposição.

10 – Transparência. A SEP só fatura cerca de meio bilhão de reais por ano por causa dos 16 milhões de torcedores. Merecemos que os dirigentes prestem contas de suas decisões.

Enfim, em 2017, já teremos um mini-teste. Parece que superamos a questão de jogadores medalhões, mas não a de técnico medalhão. Eduardo Batista é da nova geração, estudioso e merece nosso voto de confiança. Se a torcida não der, que a diretoria segure a bronca...

De qualquer forma, como é bacana saber que os nossos problemas são bem menores hoje. Vamos sempre dizer não à soberba! O time que tem a história mais bela de todos os clubes brasileiros não pode esquecer exatamente...de sua história. O Campeão do Século 20 e o maior vencedor de títulos nacionais tem tudo para ir ainda mais longe.

Feliz Natal e Excelente 2017 para toda a comunidade Palestrina.

Por Marcelo, o Racional

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Um novo ciclo

Caros amigos,

Respeitando a nova dinâmica, voltamos ao Prisco Palestra no final de ano para os comentários e reflexões nesse espaço gentilmente aberto por nosso amigo internacional, já preparando as malas de volta...

De maneira ingênua, me considero um pouco vencedor também. Fugindo do padrão, esse post vai abusar da primeira pessoa do singular.

Primeiramente, é gratificante escrever o título desse “post”. Em dezembro de 2016, as coisas parecem simples e fáceis, porém, não podemos esquecer em nenhum momento o pós-Parmalat, para nunca mais cometermos os mesmos erros. Os debates sobre nossa maior paixão evoluíram. Antes, eram na mesa de bar e churrascos com amigos, depois, por e-mail. No começo da década, pelo Prisco Palestra e hoje, fundamentalmente, pelo Whatsapp. Tenho a mania (não saudável, reconheço) de guardar e-mails de 10 anos atrás e reler de tempos em tempos...

Percebi que havia uma tônica em meus argumentos. A SEP só sairia das trevas com três pressupostos claros. O primeiro era a organização financeira. O segundo era que a coletividade tinha de se libertar dos medalhões, pressionando a diretoria a sempre contratar jogadores caros ao invés de jogadores bons. O terceiro é que teríamos de pensar a médio/longo prazo se quiséssemos inverter o ciclo. E como foi difícil...Os “leitores” e participantes desses debates nada mais eram que amigos próximos, não mais que dez pessoas, mas que, para mim, eram muito importantes. Eles eram torcedores e esse grupo pequeno sempre foi uma amostra da nossa torcida. Se eles pensavam assim, concluía, boa parte da arquibancada pensa assim. 

Cabe lembrar que escrever sobre a SEP é uma alegria para mim. Primeiro pelo espaço que o Palmeiras ocupa na minha vida. Segundo, porque tenho um sonho de, no futuro, enveredar pelo lado de trabalhar com esporte...Se acontecer, posso afirmar que estes últimos anos estão sendo um ótimo treino. Nesse luta mesopotâmica desses últimos 15 anos, tive um momento máximo... 

Convidado pelo amigo Alexandre Zanotta, nos primórdios do Muda, Palmeiras!, tive a oportunidade de perguntar sobre os conceitos (financeiro, medalhões e médio/longo prazo) ao Gilberto Cipullo. Confesso que a resposta não me deu muitas esperanças no futuro...

Enfim, o debate de ideias não foi fácil. Os argumentos iam mais ou menos nessa linha:

- “Futebol é paixão. Não se resolve com uma HP”.
- “Futebol não é empresa”.
- “Longo prazo é o %&%#. Pergunte para quem está passando fome sobre longo Prazo”.
- “Historicamente a SEP só ganhou com esquadrão, não adianta”.
- “Sou torcedor. Meu papel é pedir jogador”.
- “A SEP não é banco. Se o Vagner Love pode voltar, temos que trazer. Depois a gente vê”.
- “Tem que pagar o quanto o Valdivia quiser. Ele não pode ir pro rival”.
- “Precisamos ganhar de qualquer jeito um título logo. Com menos pressão, a gente se ajusta”.

Dois momentos foram particularmente interessantes. Um, quando fui contra a parceria Traffic por entender que o modelo onde a SEP pagava salários e o investidor ficava com 90% do lucro não era sustentável. Outro foi quando fui o único contra a vinda do Vagner Love no meio de 2009. Disse que de nada adiantaria ser campeão brasileiro em um ano e ser coadjuvante nos outros. Argumentei que recuperar protagonismo era mais importante e os títulos viriam naturalmente. Nossa, como apanhei...Mas, foi bacana.

Sempre pensei que a torcida tem um papel absurdo no que acontece dentro de campo. Analogamente, a sociedade tem responsabilidade sobre os destinos do país, não só seus governantes. Da mesma forma, a arquibancada tem responsabilidade, não só os dirigentes. Se a arquibancada pede algo, na enorme maioria das vezes, ela terá, até porquê, o dirigente precisa de apoio para continuar no cargo. Se a arquibancada pede Valdivia, ela terá Valdivia. Se pede “all in” financeiro para ganhar um título, ela terá (vide Belluzzo). A não ser que surja um “estadista”. Graças a San Gennaro, ele surgiu. O país continua no aguardo...

Para mim, ainda não está claro qual o principal motivo da “virada”. Há algumas hipóteses. A principal, é o fim da grana. Acabou, simples assim. Algo como o Santos que montou a “SeleSantos” em 2001 e recorreu à base em 2002. A entrevista do Leão foi sintomática à época. “O presidente pediu para eu ficar na Série A”...Outro motivo é que no começo dessa década, parte pequena da imprensa esportiva começou a questionar altos salários e baixo desempenho. Talvez isso tenha ajudado a minar o pensamento único. Outra hipótese é que foi ficando claro os casos de sucesso dos adversários. São Paulo campeão com Josué e Mineiro, Corinthians com Paulo André e Chicão. Por fim, os inúmeros e sucessivos fracassos podem ter começado a conscientizar parte da torcida.

Enfim, as hipóteses acima devem ter colaborado para a eleição de um jovem para presidente da SEP. As condições, juntamente com a eleição de Paulo Nobre, foram o “Big Bang” palestrino.

Primeiro, arrumou o financeiro. Times bastante, bastante modestos em 2013 e 2014. Depois, contratação de um profissional de futebol invertendo a lógica de contratações de 80% medalhões e 20% de “apostas” para 80% de apostas e 20% de medalhões. Ressalvo que aposta não é exatamente a palavra, pois as contratações eram bastante embasadas em performance dos anos anteriores em aspectos técnicos e disciplinares. Em 2015, começa o processo de reconstrução. De maneira até inesperada, ganhamos um título nacional. Em 2016, não sabíamos se viria o título, mas sabíamos que o protagonismo tinha voltado.

E o título veio. E que bom que veio com Jailson, Vitor Hugo, Moisés, Tchê-Tchê, Gabriel Jesus, entre outros.

Que alegria!! Que satisfação!! É evidente que meu papel nesse processo foi nenhum. Mas, ver ideias que defendo indo adiante já são motivo de enorme orgulho.

Peço desculpas a todos pelo “post”, mas gostaria de dividir essa alegria.

No próximo, abordarei protagonismo e futuro.

Forte abraço,

Por Marcelo, o Racional.

Quando o risco compensa

Os rumores foram confirmados e o torcedor do palmeiras recebeu, na manhã de hoje, uma excelente notícia: após meses de negociação, o Palmeiras fechou contrato com o Esporte Interativo até 2024.

Mais do que a questão dos valores que serão pagos para transmissão de nossos jogos pela tv fechada, o que parece ter sido o fator decisivo para a escolha foi o tratamento flexível e respeitoso que receberemos (em tese) da emissora em diversos aspectos:

Allianz Parque - a miopia da RGT ao insistir em chamar nosso estádio de Arena Palmeiras durante as transmissões chegou ao fim. Ao menos nos canais EI, teremos divulgado o nome da arena, fortalecendo ainda mais o nosso palco e prestigiando a empresa que, desde o início, apostou no projeto e nos acompanhará por 20 anos. Além disso, os demais patrocinadores do Palmeiras e o programa sócio-torcedor terão ampla visibilidade, de acordo com o contrato.

Plataformas digitais - as partidas do Palmeiras terão o sinal cedido e poderão ser transmitidas pelos canais de comunicação como a TV Palmeiras. A consequência deverá ser um aumento da visibilidade do Canal no Youtube e a possibilidade de explorar o espaço com publicidade. No fundo, será inaugurada uma nova era no futebol brasileiro em matéria de transmissão de partidas de futebol.

Internacionalização da marca - há um compromisso da emissora de buscar a inserção internacional do Palmeiras no cenário mundial, com a participação do clube em torneios internacionais e partidas amistosas.

Apesar de todos esses aspectos positivos, deveremos sofrer, no curto prazo, medidas de retaliação da RGT/Sportv. Com toda sua influência nos bastidores do futebol (CBF/STJD), o risco é de que não teremos vida fácil em relação a arbitragens e julgamentos nos tribunais da CBF. Nesse quesito, temos pouco a perder, pois já somos vítima dessas instâncias nebulosas de nosso futebol. Por isso vale a pena correr o risco do negócio.

Parabéns mais uma vez à direção. Pensamos que a escolha da emissora e as condições do negócio ajudarão a quebrar o monopólio das transmissões esportivas no Brasil e a engrandecer ainda mais o nome do maior campeão do futebol brasileiro.

Avanti Palmeiras!

Por Prisco Palestra



segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Globoesporte.com é uma piada

Acordando das cinzas para o Prisco Palestra, curtindo com muito prazer e ansiedade a possibilidade do Verdão conquistar seu nono título brasileiro (sim, o brasileirão não começou em 71), eis que me deparo com umas das coisas mais bizarras dos últimos tempos: ao abrir o site globoesporte.com, vejo a seguinte manchete:

Imagem captada do site globoesporte.com

O pênalti em si foi a chamada "brincadeira", típico do time da Marginal Sem Número. Caiu o dólar, pênalti pro Curintia.

Mas a manchete do site em questão chega a ser até ofensiva. A mensagem foi: foda-se a sua opinião, quem manda é o árbitro e ponto final. E quem pagou o preço foi o Inter, à beira do precipício.

Claro que há certa ironia nesse título, mas apenas o leitor mais atento irá percebê-la. O que fica, é a ideia de que é melhor não discutir o assunto, tese que se aplica apenas a certos times, quando interessa.

A outros, como o nosso, cria-se a polêmica. Sem dó, busca-se lançar a sombra da dúvida, o "cheirinho" de que há mutreta, "Esquema Crefisa", etc. Fizeram isso quando batemos a bambizada com gol ligeiramente impedido do Mina. Dois pesos e duas medidas. E é assim desde 1914, mais do mesmo.

Por isso, quando forem ler a mídia esportiva tradicional (não recomendo), o façam com vários filtros, com o espírito crítico mais aguçado possível. Na maior parte do tempo, acompanhe a Mídia Palestrina, assim não terá que ouvir "cagadores de regras" como um certo jornalista da espn, torcedor do time do "Cheirinho do Hepta".

Avanti Palestra!

Por Prisco Palestra