sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

2017 - A recaída. A volta às trevas ou apenas um hiato no processo de evolução?

Caros amigos,

Já se tornou tradição. O "post" de final de ano, mantendo vivo neste fórum os interessantes debates sobre nossa paixão. O título do "post", reconheço, não é dos mais animadores. Porém, infelizmente, acho que a palavra recaída cabe bem e, para tanto, buscarei alguns trechos da última postagem em 20 de dezembro de 2016.

“...A questão política nunca esteve tão pacificada...”

Apenas alguns dias depois desse 20 de dezembro, estoura a bomba Leila conselheira, Paulo Nobre rompido, Mustafá fortalecido. Mais para o final do ano, o escândalo dos ingressos deixa Mustafá em posição delicada. Voltamos a ter um ambiente político, digamos, efervescente.


“...Não tem necessidade de desviar um milímetro do que nos trouxe até aqui usando a falsa desculpa que “precisamos ganhar uma Libertadores”. Precisamos uma ova. Temos uma em cem anos e somos maiores que o Peñarol que tem cinco. Segue uma lista de lembretes, na minha opinião, para não cairmos em tentação:

“... Para esse primeiro item, recorro ao Aurelio. A definição de obrigação é: “aquilo que é ou se tornou necessidade moral de alguém; dever, encargo”. Sendo assim, o Palmeiras tem obrigação de ser protagonista. Não tem obrigação de ganhar título toda hora...”

Bem, parece claro que não cumprimos esse item. A obsessão da Libertadores mereceu até uma camisa especial...Abdicamos de um título brasileiro (que ganharíamos com os famosos 73 pontos) por um campeonato “mata-mata”. Aqui cabe ressaltar a falta de inteligência da coletividade, pois o domínio financeiro é melhor percebido em campeonatos de pontos corridos, não em torneios eliminatórios onde um lance fortuito, um erro de arbitragem, uma noite infeliz pode pôr tudo a perder.

“... O caixa melhorou. Nem por isso precisamos de medalhões. Precisamos de mais Moisés e menos Aroucas. Os medalhões arrebentam o caixa e o ambiente, já que, o retorno técnico em 99% das vezes não justifica a remuneração. Além da fome de um jogador que quer “estourar” para o futebol. Isso não tem preço...”

Mais uma vez, tivemos decepções nesse item. Felipe Melo, Borja, Michel Bastos, Guerra...Esquecemos o que nos trouxe aos títulos de 2015 e 2016...E Keno nos esfrega na cara qual o modelo correto a ser seguido...

“... Liderar as mudanças estruturais do futebol brasileiro. Não por bondade, mas por necessidade. Nós não dependemos do Estado. Nosso patrocínio e fontes de receita são todos privados. Mudança de calendário, mudança na arbitragem, mudança no STJD, divisão de cotas, etc. Quem quer a manutenção do “status quo” é quem depende dessa estrutura carcomida para sobreviver. O custo de curto prazo de eventual represália é mínimo tendo em vista os benefícios de longo prazo...”

Mais um ano reclamando de arbitragens, tabelas, calendário, justiça desportiva...Tudo o que os mais fracos (no momento) mais desejam...

“...Trabalhar incessantemente para a continuidade da pacificação política. Isso não quer dizer ausência de oposição...”

Já abordado acima.

“...Enfim, em 2017, já teremos um mini-teste. Parece que superamos a questão de jogadores medalhões, mas não a de técnico medalhão. Eduardo Batista é da nova geração, estudioso e
merece nosso voto de confiança. Se a torcida não der, que a diretoria segure a bronca...”

Fomos reprovados no teste...Voltamos a “medalhar” nos jogadores e o episódio Eduardo Batista foi um dos mais tristes de nossa história. Aqui vale contar um episódio pessoal. O Palmeiras vinha de um título brasileiro e, no quarto jogo da temporada, tive a oportunidade de assistir ao jogo na casa de um grande amigo com um grupo grande de palmeirenses apaixonados. Já no quarto (!!!) jogo, havia um vaticínio da enorme maioria dos presentes que o técnico não servia. No quarto (!!!) jogo. Desnecessário dizer que a profecia se auto realizou, já que, com esse nível insano de pressão, seria impossível um desfecho positivo.

Enfim, conforme descrito acima, parece que caímos em algumas tentações novamente.

Tentando responder à pergunta do título do “post”, talvez por otimismo cego, acredito que o que aconteceu em 2017 foi apenas um hiato no processo de evolução. Exceto a questão política e o protagonismo na transformação do futebol brasileiro, parece que os outros temas estão endereçados para 2018, a saber:

1 – Jogadores Medalhões – No final de 2017, as contratações respeitaram uma lógica muito mais coerente. Contratações pontuais, nas posições mais carentes e de jogadores que enxergarão o Palmeiras como uma evolução na carreira. Nunca é garantia, mas a chance de dar certo aumenta.

2 – Técnico Medalhão – A diretoria parece que se convenceu. Já a torcida...Tomara que o fracasso da volta do Cuca (aliás, voltou nos ombros da torcida) com seu estilo de jogo primitivo tenha causado algum impacto de racionalidade na coletividade alviverde. Confesso que aqui tenho mais fé que convicção. De qualquer forma, trazer um treinador como o Roger, mais antenado no futebol atual de posse de bola, triangulação e aproximação é um bom sinal. Porém, não se transforma um time de marcação individual e ligação rápida ao ataque (Porco Doido) em um Grémio (para ficar no exemplo local) sem tempo de treinamento, sem tempo de trabalho. Que Roger tenha o tempo necessário para executar o seu trabalho. De qualquer forma, conseguimos escapar do ultrapassado Abel e essa, por si só, já é uma excelente notícia para 2018.

3 – Obsessão da Libertadores – Aqui tivemos uma declaração formal de nosso presidente dizendo que ano que vem o Brasileiro é prioridade. A conferir.

4 – Discurso de favorito. Obrigação de títulos – Desde o segundo semestre de 2017, parece que começamos a lidar melhor com esse tema, especialmente nas entrevistas.

Além disso, cabe lembrar que há anos esse “blog” defende a responsabilidade administrativo financeira para permitir que o Palmeiras seja protagonista. Pois bem, é exatamente essa responsabilidade que foi mantida nesse ano que permite que continuemos sendo protagonistas mesmo com as recaídas de 2017. No passado, os erros que listamos acima poderiam culminar num rebaixamento. Hoje, mesmo fazendo muita bobagem somos vice-campeões nacionais.

Penso que nunca devemos apagar 2017 das nossas memórias. Se os erros forem traduzidos em aprendizados, acredito que terá valido a pena. Difícil prever se ganharemos títulos em 2018. Sei que essa opinião é polêmica, mas, para mim, ganhar título em 2018 pouco importa. O que importa é continuar sendo protagonista. Se fizermos isso, os títulos virão naturalmente nos anos vindouros.

Excelente 2018 para toda a comunidade palestrina!

Marcelo, o Racional