sexta-feira, 23 de março de 2012

O Lance apoia o Prisco Palestra


Caros amigos,

Brincadeira à parte do título, o Lance traz a proposta abaixo para a “nova” fase do futebol brasileiro.

Vários dos temas já foram abordados aqui. Vale conferir:


1- UMA NOVA GESTÃO

Mudança estatutária criando o Conselho de Administração(CA), abaixo do qual se situaria a diretoria executiva, profissional, responsável pela gestão cotidiana.
OCA, formado por brasileiros de alta reputação e compaixão pelo futebol, não tem remuneração e tem a responsabilidade de contratar e demitir a diretoria, além da condução das grandes estratégias para o crescimento do futebol do Brasil.
A eleição do próximo presidente da CBF seria a última de um só nome. Nas próximas, se candidatariam chapas, já com os nomes dos conselheiros. O número de conselheiros deve ser de 6 a 8, sendo que o presidente do CA tem o voto de desempate.
Este primeiro CA teria um mandato “Constituinte”, absolutamente alinhado com necessidade de revisão dos estatutos no sentido de, democraticamente apontar caminhos para o desenvolvimento do futebol brasileiro.
Ao contrário do sistema atual, os clubes que disputarem no ano da eleição da CBF uma das quatro séries do Campeonato Brasileiro terão direito a voto e a indicação de nomes para a composição das chapas que disputarem as eleições.

2 – O USO DAS RECEITAS

Parcela importante da receita bruta da CBF (no mínimo 50%) passará a ser direcionada pelo seu estatuto, sem passar pelos cofres da entidade, para um FUNDO DE FOMENTO AO FUTEBOL que financie clubes e competições entre clubes promovidas pela CBF. O FFF teria uma forma de gestão compartilhada entre a confederação e os clubes, a ser definida em norma.
Seria tarefa deste FFF contribuir com a contrapartida que alguns clubes possam necessitar para viabilizar a construção de Centros de Treinamento, a estruturação das divisões de base e a construção ou reforma de estádios de modo a atender às novas exigencias legais e às demandas de conforto e segurança. Parte dos recursos seria empregada, ainda, no pagamento integral de despesas
de passagens, hospedagem e arbitragem das terceira e quarta divisões do Campeonato Brasileiro, o que vai significar economia para os clubes e aumentar a competitividade destas divisões de acesso.
A CBF estaria limitada em seus gastos de administração e operação a, no máximo, a parcela de receitas que entrasse nos seus cofres, sendo vetado aos seus executivos a realização de deficit orçamentário. A entidade deve apresentar e fazer publicar, trimestralmente, o seu balanço econômico/financeiro, como o fazem as maiores empresas – inclusive no site da entidade.

3- O PAPEL SOCIAL

Às atividades profissionais da CBF, prioritárias, deve ser agregada uma forte atuação social, usando o futebol como ferramenta de inclusão, especialmente voltada para crianças e adolescentes e de acordo com políticas nacionais de incentivo à prática esportiva. Deve também viabilizar a presença nos estádios, formando os torcedores do futuro. Será obrigação da entidade a publicação regular do balanço social, como é norma das empresas mais modernas do país.

4- A MUDANÇA DO CALENDÁRIO

Mudança no calendário para adaptá-lo ao dos grandes eventos de clubes e seleções e ao modelo praticado na maior parte do mundo é tarefa urgente. O aproveitamento ideal do calendário atual está comprometido por não termos férias no meio do ano, pela realização das competições continentais (Libertadores e CopaSul-Americana) simultaneamente no mesmo semestre e pela ausência de clubes importantes da primeira divisão na Copa do Brasil.
Além disso, o fato de que a Copa do Mundo, a Copa América e os Jogos Olímpicos serem disputados no meio do ano impõe que se paralise as competições mais importantes do país, perdendo os clubes importante período de atividade e compromentendo sua saúde econômica.
Esse novo calendário deve ter um período de pré-temporada, aliado com os países europeus permitindo aos times brasileiros excursionarem e, com isso, propagarem suas marcas globalmente, valorizando-as. Medida que terá efeito imediato no aumento de patrocínios e estimulará o consumo de produtos brasileiros em todo omundo.
Os estaduais e/ou regionais serão realizados no início de temporada e não poderão exceder a dez datas, livrando assim os clubes de primeira e segunda divisão de disputarem um excessivo número de jogos com prejuízos econômicos, fruto do desinteresse crescente dos torcedores.

5- A FORMAÇÃO DAS LIGAS

A CBF deve ter o compromisso de fomentar a criação e de atuar em harmonia com uma Liga Nacional de clubes, nos moldes dos países europeus. É a única maneira de termos no futuro os nossos clubes entre os maiores do mundo. Para tanto, o calendário e o sistema de disputa são peças essenciais mas não suficientes para globalizar os times do Brasil.
Coma Liga, poderemos ampliar a nossa fatia nas fortunas do futebol mundial, fortalecendo as marcas dos clubes e arrecadando receitas de televisionamento e merchandising por todo o planeta. Os nossos campeonatos não são exibidos no exterior da forma como deveriam ser por que nunca foram pensados de fato para tal objetivo.
O futebol de clubes gera muito mais recursos que o de Seleções, que tem na Copa do Mundo sua maior atração, de quatro em quatro anos. A Champions League, só deTV, fatura quase o dobro que a Copa do Mundo, medindo-se períodos de quatro anos.
Somente teremos condições de manter aqui uma parcela significativa dos nossos craques se passarmos a rivalizar em importância com as competições mais bem-sucedidas do mundo e com os clubes mais fortes. Este talvez deva ser o maior gol que a CBF pode marcar num cenário de cinco anos.

6- SEGURANÇA NOS ESTÁDIOS

A falta de proteção e conforto é o maior entrave para o aumento de público nos estádios. A CBF deve ser a maior articuladora e cobradora da implementação das novas políticas de segurança para o torcedor, seja cobrando do Judiciário o bom funcionamento dos tribunais de rito sumário para os estádios, seja articulando nacionalmente, com reduções de custos, itens como seguro de acidentes, assistência médica nos eventos, entre outras medidas. O resultado disso será a maior presença de famílias e um verdadeiro espetáculo de entretenimento, como deve ser o futebol.

7- NOVA ARBITRAGEM

A CBF deve trabalhar para criar a profissão de árbitro no país. Todos os que gravitam no futebol são profissionais, hoje em dia, menos os árbitros. Deve-seampliar os investimentos na capacitação desses profissionais. Há de se garantir, ainda, a plena independência da comissão de arbitragem da entidade, submetendo o seu dirigente à aprovação do Conselho de Administração e criando mecanismos que impeçam formas de pressão e garantam a lisura do processo.

8- A JUSTIÇA DESPORTIVA

A Justiça Desportiva deve ser um braço do Judiciário Federal, remunerada em orçamento, e autonôma em relação às Federações e Confederações.

9- COMBATE À PIRATARIA

A CBF deve ter o compromisso prioritário de combater a pirataria dos produtos oficiais dos clubes, por meio de gestão política para se estabelecer convênios com a Secretaria da Receita Federal e com o Confaz visando a um aumento da arrecadação dos Estados e da União. Poderia se estabelecer um percentual de contribuição dos clubes/fabricantes para programas sociais, assim gerando um incentivo.


Por Marcelo, o racional

segunda-feira, 12 de março de 2012

NON DUCOR DUCO*



Caros Amigos,

O Palmeiras, com paz e jogadores comprometidos (sem medalhões) faz uma interessante campanha no Campeonato Paulista. Por mais que não seja parâmetro, consegue-se visualizar um embrião de time, com opções para o nosso caro e querido treinador e que, de fato, vem deixando a torcida mais otimista. Que continue assim!

Entretanto, queria escrever sobre o futebol paulista. O declínio dos regionais e da festa no estádio diminuiu em todo o lugar, mas aqui, me parece que a queda foi maior. Primeiro, a qualidade dos times. Que coisa pavorosa! A explicação, me parece simples, mas pouco abordada na imprensa. Geralmente, explicam isso pela diminuição do interesse no campeonato e falta de recursos, mas essa é apenas uma faceta disso.

A principal mudança se deu após a Lei Pelé. Com a fase de classificação  dos estaduais durando 3 meses, os clubes não conseguem fazer vínculos longos, sendo hoje, a única forma de segurar um atleta. No passado, havia o passe e era possível emprestar o jogador no segundo semestre e retornar ao clube para o estadual do ano seguinte. Agora, não.  A maioria dos clubes não tem nenhum compromisso no segundo semestre. Uma minoria joga campeonatos regionais esvaziados no segundo semestre e só a minoria da minoria pode jogar algum campeonato nacional (Séries A a D).

Com isso, os clubes desfazem completamente seus elencos e remontam no ano seguinte. Por isso, coisas “interessantes” acontecem. O Guaratinguetá foi semi-finalista em 2008 e rebaixado em 2009...Claro, o time era completamente diferente. Por isso, quem de fato tem interesse em proteger os clubes do interior deveria apoiar rapidamente a extinção dos estaduais nesses moldes. O ideal, como dito em outros posts, seria alinhar o calendário ao europeu e disputar apenas o Campeonato Brasileiro. Os times pequenos participariam de um campeonato estadual anual, onde os melhores entrariam nas últimas séries nacionais e em alguns confrontos com os grandes (algo como um campeonato de pré-temporada de um mês). Seria uma forma de deixá-los em atividade, pensar a atividade futebol de forma mais planejada, revelar valores e desenvolver um time.

Para comprovar, mesmo nesse modelo caótico, temos o Audax (ex- Pão de Açúcar) que, se mantiver esse ritmo, estará nas primeiras divisões em breve (estadual e nacional). Além disso, esses clubes teriam alguma chance de enfrentar de maneira um pouco mais digna os grandes, algo impensável hoje. Para um torcedor interiorano, o momento mágico não é o confronto com os pequenos já que esses são jogos similares ao da Série A-2 ou A-3. O bacana é o confronto com o grande, só que hoje, isso é mais motivo de vergonha que orgulho para o cidadão daquela cidade. É uma chinelada atrás da outra. É triste ver o que estão passando
instituições paulistas como Botafogo, Comercial e XV de Piracicaba. E não podemos falar de falta de recursos, já que poucas regiões brasileiras são tão ricas como o Interior de São Paulo.

Outro ponto que queira abordar é algo que começou nos anos 90 e teve a pá de cal no começo desse século. A questão das torcidas nos estádios nos clássicos. Como bem lembrou Ugo Giorgetti ontem, nada caracterizava mais um clássico que um estádio dividido com o rival. O domingo, de fato, era diferente. Já acordávamos tensos. Havia um certo ritual. Quando era adolescente, era inesquecível  a cena dos PM’s levando as cordas pelas arquibancadas do Morumbi, como sinal que sua torcida era maior. Vibrava-se como um gol. Cerca de 15 minutos antes da entrada dos times, bandeirões entravam nas arquibancadas, caracterizando que a hora estava chegando. Eram 100 mil, 110 mil pessoas, numa atmosfera inigualável.

Até o trânsito e os programas de rádio dão saudade hoje.  Com o estúpido aumento da violência (aceito por dirigentes incompetentes) começou-se tirando os rojões e, pior, as bandeiras. O espetáculo começou a empobrecer. Depois grades, divisões, lotes de ingressos, etc...Por fim, o tiro de misericórdia. Uma briga infantil de dirigentes e não há mais clássico com estádio dividido em São Paulo. Com a questão dos 10% de ingressos, na prática, o estádio pertence a um só clube, tirando toda a magia do jogo.

O Santos ganhou do Corinthians na Vila e não se ouvia (nem via) a torcida do clube paulista. Ridículo, para dizer o mínimo. Quer dizer, o campeonato paulista serve para animar os clubes do interior e acirrar a rivalidade entre os grandes. Não fazemos nem uma coisa, nem outra. 

Brilhante! Cadê os dirigentes dos grandes clubes? Com a palavra, Arnaldo Tirone, Mario Gobbi, Luiz Alvaro e Juvenal Juvêncio.


Por Marcelo, o racional


*A frase em latim Non Ducor Duco, que aparece escrita no brasão da cidade de São Paulo, significa “Não sou conduzido, conduzo”.