terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Um novo ciclo

Caros amigos,

Respeitando a nova dinâmica, voltamos ao Prisco Palestra no final de ano para os comentários e reflexões nesse espaço gentilmente aberto por nosso amigo internacional, já preparando as malas de volta...

De maneira ingênua, me considero um pouco vencedor também. Fugindo do padrão, esse post vai abusar da primeira pessoa do singular.

Primeiramente, é gratificante escrever o título desse “post”. Em dezembro de 2016, as coisas parecem simples e fáceis, porém, não podemos esquecer em nenhum momento o pós-Parmalat, para nunca mais cometermos os mesmos erros. Os debates sobre nossa maior paixão evoluíram. Antes, eram na mesa de bar e churrascos com amigos, depois, por e-mail. No começo da década, pelo Prisco Palestra e hoje, fundamentalmente, pelo Whatsapp. Tenho a mania (não saudável, reconheço) de guardar e-mails de 10 anos atrás e reler de tempos em tempos...

Percebi que havia uma tônica em meus argumentos. A SEP só sairia das trevas com três pressupostos claros. O primeiro era a organização financeira. O segundo era que a coletividade tinha de se libertar dos medalhões, pressionando a diretoria a sempre contratar jogadores caros ao invés de jogadores bons. O terceiro é que teríamos de pensar a médio/longo prazo se quiséssemos inverter o ciclo. E como foi difícil...Os “leitores” e participantes desses debates nada mais eram que amigos próximos, não mais que dez pessoas, mas que, para mim, eram muito importantes. Eles eram torcedores e esse grupo pequeno sempre foi uma amostra da nossa torcida. Se eles pensavam assim, concluía, boa parte da arquibancada pensa assim. 

Cabe lembrar que escrever sobre a SEP é uma alegria para mim. Primeiro pelo espaço que o Palmeiras ocupa na minha vida. Segundo, porque tenho um sonho de, no futuro, enveredar pelo lado de trabalhar com esporte...Se acontecer, posso afirmar que estes últimos anos estão sendo um ótimo treino. Nesse luta mesopotâmica desses últimos 15 anos, tive um momento máximo... 

Convidado pelo amigo Alexandre Zanotta, nos primórdios do Muda, Palmeiras!, tive a oportunidade de perguntar sobre os conceitos (financeiro, medalhões e médio/longo prazo) ao Gilberto Cipullo. Confesso que a resposta não me deu muitas esperanças no futuro...

Enfim, o debate de ideias não foi fácil. Os argumentos iam mais ou menos nessa linha:

- “Futebol é paixão. Não se resolve com uma HP”.
- “Futebol não é empresa”.
- “Longo prazo é o %&%#. Pergunte para quem está passando fome sobre longo Prazo”.
- “Historicamente a SEP só ganhou com esquadrão, não adianta”.
- “Sou torcedor. Meu papel é pedir jogador”.
- “A SEP não é banco. Se o Vagner Love pode voltar, temos que trazer. Depois a gente vê”.
- “Tem que pagar o quanto o Valdivia quiser. Ele não pode ir pro rival”.
- “Precisamos ganhar de qualquer jeito um título logo. Com menos pressão, a gente se ajusta”.

Dois momentos foram particularmente interessantes. Um, quando fui contra a parceria Traffic por entender que o modelo onde a SEP pagava salários e o investidor ficava com 90% do lucro não era sustentável. Outro foi quando fui o único contra a vinda do Vagner Love no meio de 2009. Disse que de nada adiantaria ser campeão brasileiro em um ano e ser coadjuvante nos outros. Argumentei que recuperar protagonismo era mais importante e os títulos viriam naturalmente. Nossa, como apanhei...Mas, foi bacana.

Sempre pensei que a torcida tem um papel absurdo no que acontece dentro de campo. Analogamente, a sociedade tem responsabilidade sobre os destinos do país, não só seus governantes. Da mesma forma, a arquibancada tem responsabilidade, não só os dirigentes. Se a arquibancada pede algo, na enorme maioria das vezes, ela terá, até porquê, o dirigente precisa de apoio para continuar no cargo. Se a arquibancada pede Valdivia, ela terá Valdivia. Se pede “all in” financeiro para ganhar um título, ela terá (vide Belluzzo). A não ser que surja um “estadista”. Graças a San Gennaro, ele surgiu. O país continua no aguardo...

Para mim, ainda não está claro qual o principal motivo da “virada”. Há algumas hipóteses. A principal, é o fim da grana. Acabou, simples assim. Algo como o Santos que montou a “SeleSantos” em 2001 e recorreu à base em 2002. A entrevista do Leão foi sintomática à época. “O presidente pediu para eu ficar na Série A”...Outro motivo é que no começo dessa década, parte pequena da imprensa esportiva começou a questionar altos salários e baixo desempenho. Talvez isso tenha ajudado a minar o pensamento único. Outra hipótese é que foi ficando claro os casos de sucesso dos adversários. São Paulo campeão com Josué e Mineiro, Corinthians com Paulo André e Chicão. Por fim, os inúmeros e sucessivos fracassos podem ter começado a conscientizar parte da torcida.

Enfim, as hipóteses acima devem ter colaborado para a eleição de um jovem para presidente da SEP. As condições, juntamente com a eleição de Paulo Nobre, foram o “Big Bang” palestrino.

Primeiro, arrumou o financeiro. Times bastante, bastante modestos em 2013 e 2014. Depois, contratação de um profissional de futebol invertendo a lógica de contratações de 80% medalhões e 20% de “apostas” para 80% de apostas e 20% de medalhões. Ressalvo que aposta não é exatamente a palavra, pois as contratações eram bastante embasadas em performance dos anos anteriores em aspectos técnicos e disciplinares. Em 2015, começa o processo de reconstrução. De maneira até inesperada, ganhamos um título nacional. Em 2016, não sabíamos se viria o título, mas sabíamos que o protagonismo tinha voltado.

E o título veio. E que bom que veio com Jailson, Vitor Hugo, Moisés, Tchê-Tchê, Gabriel Jesus, entre outros.

Que alegria!! Que satisfação!! É evidente que meu papel nesse processo foi nenhum. Mas, ver ideias que defendo indo adiante já são motivo de enorme orgulho.

Peço desculpas a todos pelo “post”, mas gostaria de dividir essa alegria.

No próximo, abordarei protagonismo e futuro.

Forte abraço,

Por Marcelo, o Racional.

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