quarta-feira, 16 de maio de 2012

MARKETING

Caros Amigos,

Mais um campeonato acabou. O Santos, merecidamente, conquistou o tri paulista. Diz-se que o campeonato é fruto de Neymar e Ganso, pois bem, dois “desconhecidos” há alguns anos e que foram se valorizando conforme os resultados apareciam. Nada mais justo e já abordamos esse ponto diversas vezes.

Saindo do lugar comum, também falávamos sobre a era do futebol negócio. Hoje, algo impressionante aconteceu. Já é costume o Lance! fazer uma edição com mais de 30 páginas em finais de campeonato. Entretanto, a edição de hoje, traz, pelo menos 7 propagandas de página inteira de grandes empresas explorando a imagem de Neymar e Ganso. Esse dinheiro, como é sabido, compõe o ganho dos atletas e facilita a permanência deles no time. Em condições normais eu diria para a diretoria alvi-verde prestar atenção, mas para quem não tem nem um programa de sócio-torcedor, digno de nome, melhor deixar para lá...

Continuando em marketing, um ponto ainda intriga alguns especialistas. Se temos um time genial e com baixa taxa de rejeição, porque os jogos do Santos não tem estádios lotados? Uma parte da explicação deriva do baixo interesse do Paulistão, mas, mesmo assim, essa explicação parece-me insuficiente.

Buscando alguns conceitos do post do ano passado “Elitizar ou não, eis a questão?”, gostaria de dividir uma experiência profissional e fazer uma ligação com o futebol.

Nos anos 90, uma rede de cinemas procurou o banco em que trabalhava, pois pensava em iniciar suas operações por aqui. Para lembrar o cenário da época, cabe buscar momentos da nossa adolescência...Cinemas conhecidos como “pulgueiros”, poltronas horrorosas, grandes chances de rinites alérgicas e uma “bomboniere” sofrível. Foi a época da popularização do VHS, onde as pessoas simplesmente não iam mais ao cinema e alugavam filmes em locadoras...

A empresa em questão trazia uma proposta diferente, que já havia dado certo em outros países  (a maioria desenvolvidos), onde, mais que o filme, venderia serviços. Ouvíamos incrédulos, na época, que a empresa se propunha a ganhar mais dinheiro na “bomboniere” que na venda do bilhete. Apesar das desconfianças do desconhecido, a empresa foi em frente e, de fato, revolucionou a forma de ver filme no Brasil, em que pese pessoas dizerem que o problema do Brasil era “cultural”. Expressão covarde de pessoas que ao invés de agir e pensar, se escoram nessa muleta.

E o que isso tem a ver com futebol? Na minha visão, tudo.

Os estádios estão vazios porque tudo o que envolve o espetáculo fora do campo, é muito, mas muito ruim. Conforto zero, transporte zero, atrações zero, comida zero e, desculpem o politicamente incorreto, preços baratos que praticamente eternizam e retroalimentam o processo.

Para quem foi a um jogo do Lakers (NBA) e/ou do Manchester United (Premier League), sabe que torcedores, na realidade, não são a maioria do estádio. Eles estão repletos, isso sim, de turistas que “pouco se importam” com o que acontece dentro de campo e, sim, no espetáculo como um todo.

Porém, sempre que tenta-se fazer um debate sério sobre o assunto, vem o maldito aspecto “cultural”, como se brasileiro não gostasse de ter a poltrona numerada reservada, não gostasse de conforto e etc, etc, etc...

Enfim, acho que podemos fazer uma comparação com o cinema. Já vi casais que iam ao cinema pouco se importando qual filme veriam. Eles estavam mais interessados no lazer confortável. Apesar das desconfianças, o brasileiro paga mais por uma pipoca, se tiver conforto, paga mais por um assento se ele for confortável e paga mais por um estacionamento se ele for de fácil acesso.

Para mim, parece claro e deveria estar na cara dos dirigentes. É evidente que precisamos “elitizar” o espetáculo se quisermos uma qualidade maior. E com algumas vantagens em relação à empresa citada acima. Primeiro que já sabemos que dá certo no primeiro mundo (vejam os estádios ingleses ou o Stapples Center). Segundo, a experiência de vender serviços agregado a produto deu certo no Brasil (como mencionado acima). Terceiro, que brasileiro homem, na média, gosta mais de futebol que cinema.

A Liga, sem dúvida, aceleraria o processo. Com a palavra, os dirigentes dos grandes clubes.

Abraços,

Por Marcelo, o racional.

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