quinta-feira, 4 de agosto de 2011

FUTURO

Caros amigos,

 É paradoxal. O presidente de clube paulista que menos domina a língua pátria é o que mais sabe organizar idéias e tem visão de futuro. Tive a oportunidade de assistir a entrevista de Andrés Sanchez no Mesa Redonda e, apesar de erros de concordância que feriam o ouvido, a entrevista foi sensacional.

O primeiro mérito dele foi acabar com um desvio no mercado de TV. Por algum motivo, Corinthians e Flamengo ganhavam a mesma coisa que Palmeiras, SP e Vasco, sendo que os dois primeiros têm mais torcida e dão mais audiência. Esse debate vinha se arrastando há pelo menos 15 anos, mas ele foi louco o suficiente para chutar a mesa, sair do Clube dos 13 e aumentar por 4 sua renda de TV. No arrasto de sua rebelião, os outros clubes também aumentaram suas receitas e, a partir de 2012, a Globo pagará quase R$ 1 Bi para os clubes.

Não se pode esquecer que sua gestão inovou na forma de trazer jogadores com o retorno de Ronaldo ao Brasil, onde empresas pagam seus salários (algo já imitado em outros clubes) e na forma de vender espaço de camisa. Hoje o macacão de Fórmula 1 é tendência na maioria dos clubes.

Alem disso, foi categórico na entrevista ao dizer que se preocupa com o futuro e não com um campeonato. Está construindo e terminará o CT em sua gestão  e tem a intenção de levar o Corinthians para a Ásia para buscar o mercado que mais cresce no mundo. 

Para terminar, disse que tem a intenção de sair em novembro para que o novo presidente não seja eleito em fevereiro e tenha que arcar com um planejamento feito pela antiga diretoria (algo que fez o Palmeiras “parar” no início desse ano enquanto não se definia o presidente).

É claro que, como quase todo o dirigente, ele não é o novo santo da paróquia. Sua relação próxima à CBF, a empresários como Kia e a forma como o seu clube “ganhou” o estádio mostram um pouco de suas práticas. Entretanto, o fato concreto é que, em sua administração, o Corinthians deu um salto.

O aspecto mais tangível é que hoje o Corinthians (e o Flamengo)  ganha cerca de R$ 50 milhões a mais por ano que o Palmeiras. São quase meio bilhão de reais por década, sem computar patrocínios de camisa e renda de estádio. Apesar de ser loucura, hoje é possível fazer oferta de R$ 90 milhões pelo Tevez. E amanhã, quem pode ser?

A pergunta que fica é como, na prática, concorrer com um adversário com muito mais dinheiro que a gente? Como essa realidade nunca aconteceu em 100 anos de história, como os dirigentes do Palmeiras estão se preparando para essa nova realidade? Quais ações de marketing visam diminuir ou zerar a diferença? Vamos centralizar esforços na base? Vamos profissionalizar a gestão? O que vamos fazer?

Sem querer ser catastrofista, a diferença entre Real Madri e Atletico de Madri ficou exacerbada nos últimos 25 anos, exatamente depois que o Real deu o seu salto. O Chelsea “destruiu” o Tottenham em 10 anos. Evidente que a força do Palmeiras é enorme, mas não podemos desconsiderar a força da grana.

Por enquanto, pelo que leio, os dirigentes não estão muito preocupados. Parece que eles estão explicando se teve ou não teve desvio no pagamento de comissões...

Que fase!

Por Marcelo, o racional

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