sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Esporte ou Idolatria?

Caros amigos,

A vida inteira ouvimos que o brasileiro é apaixonado pelo esporte, especialmente o futebol.  A imprensa, principalmente a de TV, sempre “grita” isso especialmente nos dias de conquista. Será isso verdade? Penso que não se fizermos uma análise mais detalhada.

Veja o trecho de uma notícia do UOL de segunda 05/12: Galvão Bueno pretende narrar menos corridas em 2012 para se dedicar a outros projetos. O "afastamento" ocorre após a Fórmula 1 registrar sua pior média de audiência desde que é transmitida na Globo. Foram 10,4 pontos de média --cada ponto equivale a 58 mil domicílios na Grande São Paulo. Não sei até que ponto todos gostam desse esporte, mas, garanto, a maioria das corridas desse ano foram espetaculares e com um dado tangível. Foi o ano com o maior número de ultrapassagens desde 1984. E porque a audiência caiu? Elementar. Não tinha um brasileiro para torcer.

O campeonato de 1989, vencido pelo Senna, foi horroroso já que a McLaren venceu 15 das 16 provas de então, mas havia um brasileiro e, por isso, a audiência estourou.Tive oportunidade de presenciar isso em Interlagos em 1994. Após sofrer toda a sorte de desconforto por cerca de 8 horas até o início da prova, o piloto brasileiro rodou na oitava volta. Qual não foi minha surpresa quando boa parte dos espectadores foi embora após 12 minutos de prova. Realmente incrível.

Podemos buscar exemplo em outros esportes, como o tênis. Estamos acompanhando um momento ímpar com, pelo menos, 3 tenistas espetaculares, sendo que, provavelmente, 1 deles será reconhecido no futuro como o melhor de todos os tempos. Jogos memoráveis, campeonatos eletrizantes, mas nada faz o SporTV atingir a audiência dos tempos do Guga.

E o futebol (já que esse blog é de futebol, oras)? Penso que ocorre exatamente da mesma maneira, onde concluo que nem de futebol o brasileiro gosta. Tenho alguns exemplos (recentes).

1 – Barcelona e Manchester jogavam num sábado às 15:45 hs, com transmissão da TV Globo, a final do Europeu. Jogadores fantásticos, estádio espetacular, jogo sensacional. Audiência de 7 pontos. No dia seguinte, praticamente no mesmo horário, o Palmeiras enfrentava o Cruzeiro em Minas. Posso garantir que foi um 1 x 1 fraco, mas a audiência foi mais que o dobro, 16 pontos. Lembro desses números porque eles foram destaque de um caderno de TV à época.

2 – O campeonato inglês e seus jogos brilhantes têm pouquíssima audiência na ESPN.

3 – O Vasco (espécie de time “sensação” em 2011) decidia uma vaga para a final da Sul Americana, sendo o único brasileiro ainda na competição. Para SP, a Globo não teve dúvidas e passou um filme.Para corroborar a tese, qual esporte praticamente desconhecido deu um “boom” nos últimos meses? O UFC e seus lutadores brasileiros (que hoje fazem até propaganda).

Enfim, caros amigos, isso acaba sendo um drama para quem investe no esporte, já que a audiência e o interesse estão diretamente ligados à sobrevivência do ídolo/clube na disputa.  No futebol ainda tem um componente que é secar o arqui-rival, o que atenua um pouco esse processo.

Vale um alerta para os organizadores da Copa do Mundo. Se não forem doados ingressos, muitos estádios brasileiros poderão ficar às moscas, apesar de ser o maior torneio do maior esporte do mundo.Esse seria um belo desafio para os clubes brasileiros “resolverem” em conjunto.

Conforme já dito no “post” “A Terceira Liga do Mundo?” seriam fundamentais ações extra-campo que motivassem esse interesse com jogos melhores, estádios mais confortáveis, transmissões mais profissionais, dirigentes profissionalizados, campeonatos mais atraentes e times mais fortes.

Caros amigos, provavelmente esse será o último post de 2011. Queria, antes de mais nada, agradecer ao Humberto pelo espaço disponibilizado. Para mim, foi um grande barato poder escrever sobre Palmeiras/futebol/esporte.

Sinceramente, muito obrigado.

Agradeço a vocês, amigos que acessaram o blog e tiveram muitas vezes paciência em ler alguns artigos longos e, no mínimo, polêmicos já que me propus a fazer uma análise mais racional, que, na maioria das vezes, afronta a principal característica do torcedor que é a paixão emocional.

Por fim, queria desejar-lhes um Feliz Natal e ótimo 2012 e que a luz da reconstrução chegue ao nosso amado clube!

Abraços,

Marcelo, o racional

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