sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

2018 – Os Efeitos do Protagonismo

Caros amigos,

Mantendo a tradição, o especial “post” de fim de ano. Antes de mais nada, sempre importante agradecer o espaço aberto gentilmente pelo nosso amigo Prisco, palmeirense do mais alto gabarito. Nesse ano, antes de escrever, li os artigos anteriores e é nítido o processo de evolução da nossa agremiação. Era assustador o que vivíamos há apenas 5 anos atrás e, sim, corríamos um risco enorme de perdermos relevância. Sugiro a toda comunidade palmeirense jamais esquecer o que passamos para valorizarmos o que conquistamos (não me refiro à títulos) e nunca cairmos em tentação de voltarmos às trevas por meio de caminhos supostamente mais fáceis. Ao lembrar do que aconteceu, sempre temos de valorizar o homem que permitiu a retomada, Paulo Nobre, o San Gennaro do século XXI. Outro ponto importante e, até certo ponto, óbvio é que todo processo de evolução não é linear. Ele tem altos e baixos inerentes e, por isso, nesse ano teremos uma novidade. O primeiro “post” tratará de aspectos positivos. O segundo das preocupações e aspectos de melhoria. Peço desculpas antecipadas aos leitores, pois como alguns desafios não se alteram, o texto pode soar repetitivo em relações aos anos anteriores, porém, penso que vale reforçar alguns pontos. Comecemos, pois, pelos aspectos positivos.

Após anos acertando mais que errando (mérito também de Maurício Galiotte), o Palmeiras tem um título inegável. Protagonista. Simples assim. Protagonista. É exatamente através do protagonismo que os títulos acabam “pipocando” aqui e ali. Mesmo quando não fazemos tudo certo, quando trocamos de técnico no meio da temporada, quando não priorizamos um campeonato, o título ou, na pior das hipóteses, uma boa colocação no campeonato coroa o nosso ano. O poderio financeiro, aliado a um bom planejamento de contratações, nos coloca em evidência no futebol nacional. Cabe um elogio ao Alexandre Mattos em todo esse processo. Longe, bastante longe de ser perfeito, trata-se do melhor profissional em atividade no Brasil. Seus resultados financeiros (gastos x vendas) e esportivos são muito superiores aos seus pares. Evidentemente, algumas contratações deram errado, mas o processo e a lógica de contratações vêm respeitando, na maioria das vezes, critérios técnicos e de oportunidades que o mercado oferece. Muitos argumentam que com dinheiro é fácil, mas muitos times investiram tanto ou mais que o Palmeiras nos últimos anos. Em 2018, por exemplo, o time que mais investiu foi o rival da Zona Sul. O Flamengo tem dinheiro há 4 anos e ganhou muito pouco. Esses adversários demonstram bem as diferenças da gestão Mattos. Enquanto o SPFC vende jovens da base para contratar velhos medalhões, o Palmeiras vai ao mercado trazer os jovens valores do campeonato e, de forma muito pontual, contrata algum atleta com mais de 30 anos. O Flamengo, por exemplo, aposta também em contratações pagando o valor da multa (vide Diego e Vitinho), enquanto o Palmeiras espera o fim do contrato não tendo de desembolsar esse valor, “sobrando” dinheiro para um salário maior (Lucas Lima e Scarpa). Vale lembrar que, diferentemente da Parmalat que “pescava” na segunda prateleira do futebol brasileiro (a primeira estava na Europa Ocidental), o Alexandre Mattos tem que “pescar” na quarta prateleira já que as 3 primeiras estão na Europa Ocidental e Oriental, China, Arábia, Egito, etc. A capacidade de “leitura” de mercado e antecipação é fundamental. A vinda dos maiores destaques de 2018 (Zé Rafael e Arthur) foram tratadas com boa antecedência. A sensação que fica é que enquanto nossos rivais estarão fazendo a primeira contratação de 2019, nós estaremos fazendo a segunda de 2020. Com um elenco robusto, a chance de protagonismo aumenta exponencialmente.

Entretanto, o futebol brasileiro não é para amadores. As alterações de calendário aliado à manutenção dos absurdos estaduais, faz com que o segundo semestre dos times protagonistas seja absolutamente infernal. Dado que não temos mais jogadores de primeira prateleira no elenco, a “certeza” de título é menor que nos anos 90. O ano passado foi emblemático para demonstrar isso. Estávamos indo pelo mesmo caminho, até que o novo técnico nos “ensinou” como melhor aproveitar esse elenco. Seja por sua experiência na Europa, seja por sua capacidade de gestão de pessoas, o fato é que ele rodou bastante o elenco com resultados muito satisfatórios. Mérito inegável de Scolari.

Esse elenco é reforçado por um outro alicerce iniciado no mandato anterior que é a categoria de base. Esse tema era motivo de piada e hoje nos dá retorno técnico e financeiro. O estádio (menção honrosa ao Belluzzo), a melhoria flagrante das instalações do clube, a alteração da data da eleição para novembro (observem o atraso no planejamento do Flamengo) e o mandato de 3 anos são outros aspectos que auxiliam o bom andamento do processo. O clube tem uma excelente administração financeira, corroborado por análises independentes (Itaú BBA) e, mais importante, temos fontes variadas de receita não sendo dependente exclusivamente da patrocinadora. Aqui, talvez, a maior diferença do período da Parmalat. Caso a patrocinadora decida ir embora, temos um CT e estrutura de reabilitação de jogadores de primeiro mundo, aliado a um “hotel” que permite economizarmos em diárias que gastávamos na concentração para os jogos na capital paulista. Além da estrutura física, a diversidade de receita (TV, Avanti, Bilheteria, venda de jogadores) permitiria o Palmeiras caminhar com as suas próprias pernas, sem a queda abrupta que observamos no triênio (2001/2002/2003).

Falando em Avanti, a torcida do Palmeiras merece um capítulo especial. Rapidamente, conseguiu-se criar uma nova identidade na arena. O risco do estádio se tornar frio, sem alma, foi rapidamente afastado nos primeiros jogos após a inauguração. Se o nível de “amendoinhozismo” não caiu nas redes sociais, o mesmo não pode se dizer do comportamento médio do torcedor no estádio. Penso que o apoio nos 90 minutos é até superior ao antigo Palestra Itália. Cabe ressaltar também que esse maior apoio veio em conjunto com o aumento de renda. Os ingressos mais caros não transformaram o estádio em teatros, como em algumas arenas europeias.

Enfim, a jornada foi longa, mas chegou a hora de desfrutar os benefícios do trabalho de longo prazo e do protagonismo. Parabéns à toda comunidade palestrina que em menor ou maior grau têm responsabilidade nisso. O maior campeão do Brasil, história maravilhosa, riquíssima, não só em títulos, mas fazendo parte de todas as transformações sociais e políticas do Brasil com enorme relevância.

O risco, agora, é da acomodação. É disso que tratará o próximo “post”.

Marcelo, o Racional

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