segunda-feira, 25 de junho de 2012

MAURO CEZAR


O Mauro Cezar leu o Prisco Palestra




"Quatro finalizações no alvo, três gols. Dois cruzamentos certos, um deles gerou gol. Total de 48 rebatidas, 18 faltas e 21 desarmes certos após 90 minutos em que a posse de bola foi do adversário por 55% do tempo. Números da vitória do Cruzeiro sobre o até então invicto Vasco, que era líder, mas o time Celeste lhe tirou a primeira posição. A liderança do Campeonato Brasileiro será do Cruzeiro pelo menos por uma semana. Nem parece a equipe eliminada pateticamente da Copa do Brasil e do estadual. Reflexo de (mais) um bom trabalho do mais estereotipado treinador do país.

Celso Roth levou um limitado Atlético Mineiro à liderança da Série A em 2009, mas as pessoas praticamente só lembram que o time não foi à Libertadores, como se o elenco fosse forte o bastante para tal. Roth também conquistou a Libertadores com o Internacional em 2010, mas esse fato foi quase que deletado da memória de muitos, que lembram apenas do Mazembe, algoz do Colorado no Mundial de Clubes. Sim, ali o time gaúcho protagonizou o mais vergonhoso papel de uma equipe brasileira na curta história do torneio chancelado pela Fifa. Mas só ele teve responsabilidade?

Todo técnico tem altos e baixos. Nem Muricy Ramalho escapa, apesar de quatro vezes campeão brasileiro nos seis últimos anos e também atual detentor do título da Libertadores. Imaginem se fosse Roth o técnico do Santos, um time sem conjunto, apoiado no talento de Neymar e eliminado do torneio internacional pelo Corinthians na quarta-feira. Mas o "professor" derrotado foi Muricy, superado por Tite, outro técnico que não é grife, mas atualmente desenvolve trabalho superior ao de muitas estrelas da prancheta. Os dois não são geniais, mas sofrem com ideias preconcebidas.

Os técnicos de futebol supervalorizados nem sempre merecem o status a eles atribuído. Mas alguns contam com a boa vontade e a tolerância da mídia. Outros sofrem marcação implacável, mesmo que façam boas campanhas. Como Cristovão Borges, vaiado (de novo) em São Januário por vascaínos. Como se ele comandasse um elenco comparável ao do Real Madrid e não conseguisse fazer do Vasco um invencível esquadrão. Fato: seu aproveitamento desde que assumiu o cargo supera os atuais trabalhos de Muricy, Abel Braga, Felipão e Tite. Mas e daí? Ele não é medalhão.

Por conta de ideias assim, técnicos em baixa, em declínio, mantêm salários elevados como se ainda fossem os maiorais. Parte da torcida, dos dirigentes e da imprensa parece gostar de grifes, mesmo que fora de moda. É a cafonice futebolística no universo dos "professores". Se o Cruzeiro ficar no meio da tabela daqui a pouco, alguns dirão que Roth é fraco, "cavalo paraguaio" etc. Incapazes de entender que o elenco do Cruzeiro, hoje, é mediano mesmo. E que sem ele talvez estivesse entre os últimos. Basta lembrar o futebol apresentado antes da chegada do atual treinador.

Mas para que isso? É mais fácil se agarrar aos rótulos. Dá menos trabalho e é um discurso velho que ainda convence muita gente. Se você gosta de consumir esse tipo de "reflexão", vá em frente.

Mauro Cezar Pereira, colunista do Estadão/ESPN"


Por Marcelo, o racional

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