sexta-feira, 3 de junho de 2011

Barcelona, Santos e Medalhões

Caros Amigos,

Com um bom atraso, gostaria de comentar a impressionante decisão de sábado pela Champions League. Impossível não se impressionar com o avassalador time do Barcelona.

Minha primeira memória futebolística é de 1980 e, portanto, assisti o Flamengo de Zico (pouco é verdade), o São Paulo do Telê, o “Palmeiras 1” (93-94) e o “Palmeiras 2” (96), o Corinthians de 98-99, o Vasco 2000, o Santos de Robinho e, finalmente, o Santos do ano passado. 

Sem comparar um com outro, esses foram os times brasileiros que mais me marcaram. Apesar de serem diferentes, eles tinham uma característica comum. Sabíamos que mais cedo ou mais tarde, esses times venceriam a maioria dos seus jogos devido a qualidade técnica. Resumindo, passavam enorme confiança ao seu torcedor. Na Europa, o time que mais me marcou foi o Milan do Van Basten nos anos 80, porém em uma outra realidade de cobertura por parte da imprensa local.

Entretanto, eu nunca vi, nos times citados acima, um aspecto do time do Barcelona atual. O constrangedor domínio de posse de bola que ele impõe ao adversário. Acho que essa é a melhor palavra que encontrei. Constrangedor. Ver um time da tradição, elenco e capacidade de investimento do Manchester United, parecer um Bragantino com grife, não é para qualquer time.

Esse Barcelona alia a qualidade técnica dos grandes times a uma organização coletiva inédita. Além disso, cabe lembrar que eles não fazem isso por 1 mês (como a Holanda de 74), mas por 3 temporadas seguidas ou impressionantes 180 jogos.

O maior jogo que vi do Palmeiras em toda a minha vida foi no saudoso 9 de março de 1994, quando o Palmeiras humilhou o Boca no Palestra. Foi um 6 x 1 inesquecível não só pelo placar, mas pela forma alucinante que o Palmeiras jogou. Aí está meu ponto. Os grandes times citados acima faziam isso uma ou outra vez na temporada. O Barcelona, faz sempre. Portanto, sem medo de errar, afirmo que o Barça atual é o melhor time que já vi jogar desde 1980.

Vindo para o nosso continente, o Santos é finalista da Libertadores. Cabe relembrar a década do nosso rival. Depois de quase sumir do mapa nos anos 80 e 90, desde 2002 eles ganharam 2 Brasileiros, 4 Paulistas, 1 Copa do Brasil, chegaram 3 vezes entre os 4 da Libertadores, além de vices brasileiros (2) e Paulistas (2). Algo de destaque. A grande virada veio após o ano 2000/2001. Sob o batido argumento de que o Santos era grande, que não poderiam  ficar mais tempo sem ganhar títulos, gastaram o que tinham e o que não tinham para contratar medalhões. Trouxeram Edmundo, Carlos Germano e a maior contratação do futebol brasileiro na época (Freddy Rincón). Resumindo, como na maioria das vezes, não deu certo.

Leão assumiu em 2002 dizendo que só poderia usar moleque e que a meta era sair do rebaixamento. Por sorte e necessidade, subiram um time de jovens e daí em diante não deixaram mais de ser protagonistas. Desde então, poucas vezes caíram na tentação de contratar jogadores caros e velhos (Zé Roberto e Antonio Carlos foram algumas exceções). Para ficar no time desse ano, quem está “segurando o rojão” são os Alan Patricks, Parás, Danilos, etc. As 2 maiores contratações, nesse momento, pouco rendem já que o Jonathan nem joga e o Elano caiu muito  de produção.

O Santos faz loucuras financeiras em 2 aspectos - contrata técnicos caros e repatria jogadores já identificados com o clube. Elano, Léo e Robinho, mal comparando, são uma espécie de Kléber e Valdivia para eles. No mais, aposta em ilustres desconhecidos e na categoria de base. Por sorte e competência, ainda são brindados com jogadores como Ganso, Neymar e Robinho.

Voltando ao Barcelona, fiquei impressionado com uma informação. O Real investiu 3 vezes mais dinheiro contratando um monte de gente (Ozil, C. Ronaldo, Kaká, etc). O Barça tem 8 jogadores da base. Colocaria 9 porque o Messi chegou lá aos 13 anos...E quem ganha mais títulos?

Nessa década, os protagonistas brasileiros foram Inter, Santos, SP e Cruzeiro. Todos, sem exceção, escolheram o caminho descrito acima. Deve ter alguma relação a escolha que fazem e o sucesso que tem.

Palmeiras. Alguma dúvida?


Por Marcelo,  o racional

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