quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Estaduais e Calendário


Caros amigos,

Ribeirão Preto, fevereiro (fora do período de férias escolares), jogo à noite sem o sol saariano. São Paulo na cidade que não visitava desde 2009, com toda a repercussão da estreia de Rivaldo. Como o Botafogo ficou muito tempo na segunda divisão e o Comercial já está há mais de 15 anos, pode-se dizer que São Paulo em Ribeirão é coisa rara. Apenas 6 mil pagantes. O Palmeiras, que tem torcida maior que o São Paulo no interior, visitou 2 cidades que não tinham oportunidade de vê-lo há muito tempo. Piracicaba e Itápolis. Pouco mais de 10 mil pessoas nos dois jogos somados.

Um dos últimos argumentos para a existência dos falidos estaduais vai caindo por terra. O público do interior já não tem o mesmo interesse de outrora por acompanhar o seu time de coração no estádio. Uma mistura de maiores opções de lazer numa das regiões mais ricas do país, com clubes não identificados com a cidade - mas com empresários -  e o desinteresse dos grandes pelo torneio se tornaram uma receita infalível para acabar de vez com o apelo. 

Como se não bastasse, o campeonato continua inchado e o regulamento ficou ainda mais esdrúxulo (40% dos times se classificam). Quase sem perceber, o campeonato estadual que terminava em março em 2003 já está invadindo a metade de maio em 2011. Com a confusão Gama/Sandro Hiroshi/Botafogo, a série A do Brasileiro foi inchada. O primeiro ano de pontos corridos em 2003 teve 24 equipes e incríveis 46 rodadas. Com a redução para 20 times e a diminuição de 8 rodadas, os clubes, ao invés de racionalizarem o calendário, preferiram aumentar o Estadual, justamente o campeonato de menor interesse. Por essas e outras, ainda temos dificuldades em consolidar o futebol investimento no Brasil.

É impressionante. Nesse domingo, seremos brindados com Flamengo x Resende, Palmeiras x Americana e Novo Hamburgo x Grêmio. Trazer o Ronaldinho para jogar em Macaé é uma piada de péssimo gosto. Foi o que vimos no último domingo.

São inadiáveis 2 movimentos importantes dos dirigentes. Acabar definitivamente com os estaduais ou disponibilizar no máximo 1 mês para o torneio numa espécie de mata-mata preparatório para o Brasileiro (algo que o Rio-São Paulo se prestou no final dos anos 90). 

Outra coisa é adequar o calendário ao futebol europeu. A grande vantagem seria fazer a pré-temporada junto com os times europeus com possibilidade de excursionar, participar de campeonatos (Tereza Herrera, Ramón de Carranza), ganhar dinheiro e, principalmente, valorizar a marca do clube nacional no exterior. Imaginem o Flamengo de Ronaldinho jogando em Barcelona? O Corinthians de Ronaldo e Roberto Carlos em Madri? O Fluminense de Deco em Lisboa? O Santos de Neymar em Paris? O Verdão de Felipão em Milão?

Na minha opinião, a realidade é evidente está na cara dos dirigentes, mas, por preguiça, não se posicionam. E, o pior, é que depois vão a imprensa reclamar de dificuldades. Digo preguiça, pois muitos alegam pressões de federações e confederações. Ok. Vamos aceitar que seja verdade. Porém, se 10 dos principais clubes se unirem, o que uma CBF pode fazer? Quando em 1987 os clubes romperam com a CBF, a Globo transmitiu qual campeonato? A Copa União, claro, com os “clubes dissidentes” que eram os mais relevantes do país.

Para isso, precisamos encontrar lideranças que ainda não apareceram nos grandes clubes. Já vi presidentes péssimos para o clube e para o sistema (Mustafá). Já vi presidentes bons para o clube e que não se importam para o sistema (Luis Álvaro). Porém, ainda não vi lideranças que se preocupem com as duas coisas. Triste. Por isso, como escrevi em post anterior, é urgente alterar a forma de eleições em clubes de futebol de massa. Eleições diretas já, através de sócios e sócios torcedores.

Por Marcelo, o racional

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