sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Medalhões ou desconhecidos?

Caros amigos, aproveitando um post de 6 de janeiro quando dizia -  “A experiência mostra que times que são mantidos por, pelo menos, 18 meses, ganham campeonatos. Tivemos boa experiência em 2004, quando mantivemos o “humilde” time da Série B que, na minha opinião, seria campeão brasileiro caso não vendêssemos o Vagner Love (mesmo assim, chegamos à Libertadores naquele ano)” -, gostaria de, a partir disso, debater um outro ponto. Na prática está valendo mais a pena investir em medalhões ou desconhecidos?

Se observarmos estritamente do ponto de vista de retorno financeiro e técnico a opção de se investir em desconhecidos vem parecendo mais vantajosa.

Em relação aos desconhecidos, ouve-se muito que a cada Pierre que dá certo, temos de encarar 10 Jeffersons. Pois fazendo uma análise dos medalhões, entendo que a proporção é a mesma senão pior. Tentei rememorar casos de jogadores que vieram ganhando mais de R$ 100 mil e que emplacaram nos clubes. Nesse aspecto, não vale Marcos, Rogério Ceni, Neymar e Cia. que ganharam aumento permanecendo nos clubes e por performance.
Acreditem, não foi fácil. Para cada Edmílson, Lincoln, Fernandão, Ricardinho, Daniel Carvalho, Edmundo, Dodô, Mozart, Carlos Alberto, Deco, Belleti e Felipe encontro um Elano. E, nos poucos casos que encontrei, havia uma característica em comum. Os times já estavam minimamente arrumados. Os medalhões, na maioria das vezes, são incapazes de serem os “salvadores da pátria”. Mesmo Kleber e Valdivia, no ano passado, não foram capazes de “salvar” o Palmeiras na Sul-Americana. Nesse ano, com o time mais encorpado, a realidade deve ser diferente.

Penso que isso ocorre por 2 motivos. O primeiro é a ciumeira do grupo que ganha salários menores (em alguns casos com relevantes atrasos) e o outro é a “falta de fome” de um jogador que já teve grandes conquistas e já ganhou muito dinheiro e tem dificuldade de encontrar motivação para jogar em Mirassol, por exemplo. Isso aliado à baixíssima cobrança por parte dos dirigentes (por medo ou excesso de respeito) e o circo está armado.

Voltando estritamente ao ponto de vista de retorno financeiro e técnico, os desconhecidos ainda trazem a vantagem de ao darem certo, gerarem uma bolada para o clube na venda (Diego Cavallieri). Claro que esse momento é favorável (após a vitória e liderança de ontem), mas me impressiona a diferença de interesse e disposição de um Cicinho e um Vitor, sendo que o primeiro ganha menos de 20% do que ganha o segundo. A diferença entre Luan e Lincoln e até de João Vitor e Edmilson. Vejam que não quero comparar técnica e, sim, comprometimento e, senão amor, respeito mínimo à camisa.

Minha conclusão é que o melhor é se investir em desconhecidos. O Corinthians de 2008/2009 tinha Chicão, Willian, Jorge Henrique, Alessandro, Elias, Christian, André Santos, etc...O São Paulo tri-campeão tinha Josué, Mineiro, Borges, Danilo, Hernanes, etc...Todos à época eram mistura de promessa com refugo. E deram certo.

Como o futebol ficou muito caro, não dá mais para repetir a Parmalat que montou um esquadrão. E mesmo à época os jogadores eram jovens, “com fome” e alguns vindo de times do interior paulista (Roberto Carlos, Edilson, Edmundo, Cleber, etc...). Ano após ano as tentativas de esquadrão ficaram mais caras e com menos retorno. O Corinthians do Hicks ganhou, o Flamengo da ISL naufragou e o Corinthians do Kia só ganhou daquele jeito e sem encantar ninguém. Mesmo o Fluminense da Unimed dependeu mais dos garotos de Xerém que de Fred, Deco e Belletti que se contundiram ou foram banco.

Claro que a estratégia de se investir em desconhecidos pressupõe algo básico e, paradoxalmente, nem sempre simples. Que os “olheiros” e empresários sejam profissionais e não pertencentes à uma máfia que visa sangrar o clube (na maioria das vezes com conivência ou incompetência dos dirigentes). Outro ponto, evidentemente, é a questão de não se levar a estratégia à ferro e fogo. Você pode priorizar a estratégia e incluir no elenco 1 ou 2 valores para encorpar o time. O Palmeiras de 2011 tem isso com Kleber e Valdivia que, além de darem uma colaboração na parte técnica, são identificados com a torcida e isso ajuda a acalmar os ânimos de nossa exigente torcida, mesmo nos piores momentos.

Porém, no Palmeiras, argumentar isso virou político e quase ideológico. Defender o que coloquei acima significa ser tachado de bom e barato e, no limite, defensor do Mustafá. Não se trata disso até porque o Mustafá conseguiu criar o caro e ruim. Sou defensor do bom, eficiente e a um preço justo. O ponto acima é tentar enxergar para onde está caminhando o futebol brasileiro e os últimos casos de sucesso.

Abraços,
Marcelo, o Racional

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